fevereiro 24, 2008

A diferença

Eu pensava que não havia diferença, seriam sinónimos, mas por esta entrevista que podem ler na íntegra, e de que cortei estes parágrafos,vi que, pelo menos para a Simome de Oliveira, há. Será que toda a gente pensa assim?
Qual é, para si, a diferença? Homossexual é o homem que gosta de homens. Gay é um homem que gostava de ser mulher. Não sei se estou a dizer disparates, mas para mim esta distinção faz sentido. Neste país, há imensos senhores casados, com filhos, que gostam de homens e têm as suas relações. Somos uma sociedade perfeitamente mentirosa. O Guilherme de Melo, um escritor extraordinário de quem sou amiga, quando vivia ainda em Lourenço Marques casou-se com uma mulher para fazer a vontade à família. Ele conta isso no livro A Sombra dos Dias. E depois teve de dizer à mulher que não gostava de mulheres. Teve essa coragem.
E mais à frente pergunta o entrevistador:
As pessoas que antigamente não se assumiam publicamente, mas se assumiam para elas mesmas, viviam muito atormentadas? Não sei. Naturalmente, viviam melhor do que hoje, em que se fazem aquelas paradas, aqueles desfiles ridículos. Aquilo não é nada. Aquilo é um dar nas vistas, é fazer brincadeiras de mau gosto. A homossexualidade não é isso. A noção que tenho é a de que não há nenhum homossexual que não tenha tido uma grande paixão por uma mulher, diz-me a experiência.
...
E esta, que têm a dizer?

fevereiro 23, 2008

Obama

Ele fala, fala, fala ( e fala bem) mas diz alguma coisa?

fevereiro 21, 2008

Morreu hoje a Madalena Barbosa

Que Força é essa, amiga?“Ainda dizes que eu sou feminista radical?”, perguntaste com um sorriso, numa das minhas últimas visitas ao hospital. “Claro que sim, respondi de forma veemente. “Se não fosses tu e algumas poucas como tu, os contributos desta corrente não teriam cá chegado”. Sorriste de novo, com os olhos a brilhar, num rosto marcado pela doença, mas que persistiu até ao fim em manter a dignidade e uma força que foi um exemplo para todas nós.Recordo-te na conversa frontal, no teu entusiasmo quando falavas das feministas de outros países, um pouco desgostosa, porque por cá as coisas não eram bem assim. Mas compreendias politicamente os contextos. Um texto teu, que encontrei recentemente no nosso centro de documentação, assim o testemunha.Recordo-te, quando te convidámos para a Comissão Promotora do Congresso Feminista deste ano, ao qual já não consegues chegar, e do teu “muito obrigada por se terem lembrado de mim”, como se fosse possível ignorar-te.Recordo-te, quando no teu leito de morte, te transmiti uma mensagem da Lígia Amâncio e me tornaste a dizer: “obrigada”.Obrigada, dizemos nós Madalena.Obrigada pelo teu exemplo, pela persistência, pela tua frontalidade, às vezes incómoda, pela tua clareza até ao fim.Obrigada por te teres afirmado sempre feminista em toda a dimensão da tua vida.Obrigada.

Manuela Tavares,21 de Fevereiro de 2008

fevereiro 20, 2008


Mandaram-me esta anedota.

fevereiro 18, 2008

Problemas

Há mesmo problemas difíceis em Matemática.
Alguns ocuparam durante séculos matemáticos persistentes que enquanto procuravam a demonstração do tal problema acabaram por descobrir outros e criar novos campos da Matemática. Problemas como o da quadratura do círculo, o teorema de Fermat, a conjectura de Poincaré deram muito que pensar durante anos.
O último teorema de Fermat foi apresentado, como demonstrado, por Andrew Wiles em 1993. Para o conseguir viveu qual prisioneiro na sua casa, em Cambridge, durante sete anos quase sem falar com a família, para resolver um mistério com 350 anos, servindo-se, claro, do trabalho anterior de muitos. Mas foram descobertas falhas na demonstração. Só um ano e meio mais tarde, quando desesperado estava a pensar desistir do problema é que inesperadamente encontrou a sua falha. Ficou tão emocionado que lhe saltaram as lágrimas dos olhos, perante a beleza, a simplicidade e elegância da descoberta.
A história desta aventura é contada no livro de Amir D. Aczel "O último teorema de Fermat - à descoberta do segredo de um problema matemático secular".
Mas será que enunciar um verdadeiro problema não será ainda mais difícil do que resolvê-lo?
......
O Último teorema de Fermat, ou teorema de Fermat-Wiles, afirma que não existe nenhum conjunto de inteiros positivos x, y, z e n com n maior que 2 que satisfaça x^n + y^n = z^n.
Fermat que era um jurista e matemático amador, escreveu num seu livro, à margem esta frase que desafiou os futuros matemáticos:
"Encontrei uma demonstração verdadeiramente maravilhosa disto, mas esta margem é estreita demais para contê-la."
Ao que parece estava a brincar.

fevereiro 16, 2008

Demasiado provocante para o Metro de Londres

A Vénus de Lucas Cranach, o Velho (1532),reproduzida num cartaz de propaganda à exposição do pintor foi retirada das paredes no Metro por, segundo um porta voz, "We have to take account of the full range of travelers and endeavor not to cause offense in the advertising we display."


fevereiro 10, 2008

Obama vence em três estados.


Entre os dois o meu coração balança.
Em ambos admiro a coragem de se candidatarem à presidência. Deve ser difícil medir constantemente o que dizem e o que fazem: um para não parecer muito negro e outra para não parecer muito mulher, tendo que saber dosear a percentagem do que mostram ser e do que escondem.

Apesar da ataente ideia de ganhar Obama preferia que ganhasse a Hillary, acho-a mais realista e pragmática. Mas que sei eu?

fevereiro 08, 2008

Um livro

Acabei de ler"O transporte para San Cristóbal de A. H." de George Steiner. Como o autor diz trata-se de uma parábola sobre a dor suportada pelas vítimas do nazismo e não só, a dor da lembrança. Fala sobre a aventura de um grupo israelita de caçadores de nazis num pantanal algures na Amazónia, onde vão buscar Hitler para ser julgado pelos seus crimes.
Tem alguns aspectos curiosos. Um é o conselho dado a certa altura aos pesquisadores para não se deixarem "amolecer" pela humanidade de Hitler, isto é, com a convivência e luta pela sobrevivência diária é natural que esqueçam o monstro e pensem no homem igual a eles. Outro aspecto é o discurso de Hitler em defesa própria com que encerra o livro.
A obra tem sido muito mal aceite, como se calcula, e continua a sê-lo. H. começa por dizer que o que fez foi inspirado na religião dos judeus, a do povo escolhido de Deus, seres perfeitos e puros. " Existiu alguma vez invenção mais cruel, congeminação mais calculada para atormentar a existência humana, do que a de um Deus omnipotente, omnisciente e, contudo invisível, impalpável e inconcebível?"
Compara o Holocausto com o que sucedeu no Congo belga, o que fez Estaline, e o que se fez em Hiroxima, concluindo que a sua "obra" foi quase uma brincadeira de crianças.
Fala ainda na tolerância ou silêncio dos europeus e americanos à sua perseguição aos judeus, que na prática, parecia um apoio.
"Repudiei a chantagem do ideal com que vocês perseguiam a humanidade. Os meus crimes são comparáveis e inferiores aos crimes de outros. O Reich gerou Israel".
São algumas verdades difíceis de ouvir por muitos.

fevereiro 04, 2008



Os meus netos já não vão saber o que acontece quando se descasca uma cebola. Isto porque há uns cientistas, algures num instituto de investigação sobre culturas e alimentos na Nova Zelândia, que resolveram criar, por manipulação genética, a cebola perfeita. Quando se corta a cebola liberta-se óxido de enxofre e uma enzima que transforma os compostos de enxofre num vapor lacrimogéneo responsável por tantas lágrimas na cozinha. Inibir a produção dessa enzima, eis a solução. Esperam que dentro de uma década esteja a ser comercializada.

Não haverá nada mais importante para investigar à face da Terra?

fevereiro 01, 2008

Os trabalhos de amor são os mais leves
de quantos algum dia pratiquei
na cama as alegrias fazem lei
e se me queixo é só de serem breves
.
eu vivo atado às tuas mãos suaves
num nó de que este corpo já não sai
ferve o arco do sol a tarde cai
ardem voando pelo céu as aves
.
mágoas outrora muitas fabriquei
e em países salobros jornadeei
ao dorso das tristezas almocreves
.
a vez em que te amei um outro fui
comigo fiz a paz nada mais dói
e os trabalhos de amor nunca são graves
.
( Fernando Assis Pacheco,23-12-93 , em Respiração Assistida)