maio 30, 2007

Um conselho ao Negrão: em vez de Lisboa a sério, nos cartazes ficava melhor Lisboa à séria.

maio 28, 2007

Houve aqui há tempos umas aves agoirentas que profetizavam um futuro que achei negro, maquiavélico e improvável. Falavam então que Sócrates iria lentamente afastar, silenciar e reduzir todos os que no PS tivessem algum poder ou prestígio para lhe fazer frente.
Concluo agora que tinham razão e eu é que não queria ver. Como diz António Barreto (Público de domingo): Sócrates, enfim só!
Temos um pequeno ditador disfarçado de socialista a governar-nos.
Que mais nos poderá acontecer?

maio 25, 2007

Em todas as ruas te encontro


Poema de Mário Cesariny de Vasconcelos (in "Pena Capital", 1957)



Em todas as ruas te encontro
Em todas as ruas te perco
conheço tão bem o teu corpo
sonhei tanto a tua figura
que é de olhos fechados que eu ando
a limitar a tua altura
e bebo a água e sorvo o ar
que te atravessou a cintura
tanto, tão perto, tão real
que o meu corpo se transfigura
e toca o seu próprio elemento
num corpo que já não é seu
num rio que desapareceu
onde um braço teu me procura

Em todas as ruas te encontro
Em todas as ruas te perco

maio 23, 2007

"O Ministério da Educação (ME) não tem de esclarecer rigorosamente nada. A ministra não tem nada para explicar aos deputados porque não foi a ministra que introduziu o procedimento. Por isso, não há nada a comentar", afirmou Jorge Pedreira.
Foi este o comentário sobre o pedido de esclarecimentos da oposição ao ME, sobre o caso do professor que terá dito uma piada sobre a licenciatura de Sócrates.
Terei ouvido bem?

maio 17, 2007

Verifico uma relação de proporcionalidade não directa quando comparo a onda de nostalgia que me ataca com a razão entre o tempo que tenho para viver e o que já vivi.À medida que esta diminui a primeira aumenta. Pensava que estava a suceder só a mim mas parece mais geral: contrariamente ao que me caracterizava já não estou a fugir à regra. Ultimamente só oiço falar em tempos idos e até a rtp começou a passar uma série, embora não de origem indígena, sobre os anos sessenta. Tinha eu uns dezoito anos. Não me sinto retratada em nenhuma das personagens, apenas a avó da história faz lembrar a minha mãe com as suas frases sentenciosas tipo "velho do Restelo". Também não consigo identificar uma zona de Lisboa como o cenário paisagístico e social. Identifico um conjunto de frases feitas sobre trabalho e política , pessoas sem vida nem pensamentos próprios, obcecadas pelo dia-a-dia e pela televisão.Eu nessa altura já tinha vencido várias batalhas e era muito radical.

maio 14, 2007

Maia

Quando era pequena costumava brincar à Maia. Íamos colher malmequeres amarelos, cortávamos-lhe o pé e fazíamos colares e pulseiras enfiando com uma agulha as flores num fio.Uma das míúdas ia no centro e as outras à sua roda pegavam-lhe na saia também cheia de malmequeres e íamos pelas ruas da cidade cantando:
Ò maia,ó maia,
ó maia das cachopas,
onde vai a maia,
vai por essas barrocas.
Diz a nossa maia
que ela quer ir jantar
salada de alface
para à noite refrescar.
O minha senhora
venha lá à janela,
para ver a maia
que parece uma donzela.

Depois as pessoas que, por sinal, nos achavam muita graça, com certeza a recordar-se do tempo em que faziam o mesmo, davam-nos moedas com as quais no fim do desfile íamos comprar rebuçados .
Será que ainda se cantam as maias em Portalegre?

maio 13, 2007

Comentar para quê?

"... as mulheres brasileiras fizeram mais por Portugal do que séculos e séculos de permutas académicas, literárias, culturais."
Para se defenderem da concorrência as mulheres portuguesas tiveram que agir:
" Subiram-se as saias. Desceram-se decotes. Os portugueses descobriram atónitos, que as suas mulheres também tinham formas de mulheres".
Isto diz João Pereira Coutinho na "Avenida Paulista".
Eu nunca conheci nenhuma brasileira capaz de fazer surgir a mulher que estaria escondida em mim, por onde é que o JPC tem andado?

maio 09, 2007

E assim vai o mundo...

Por amar o rapaz errado uma rapariga de 17 anos foi apedrejada até à morte por vários homens perante a impassividade das autoridades.Passou-se há dias no Iraque. A Amnistia Internacional inglesa condena a morte de Du’a Khalil Aswad como "an abhorrent murder" e exige que os seus assassinos sejam condenados. Aswad, que pertencia ao grupo curdo Yezidi, foi condenada à morte pelos homens da família e chefes religiosos pela sua relação com um rapaz de outra religião.
Os crimes de honra somam e seguem.

maio 02, 2007

Hopper

Nada acontece na minha vida. O que é natural pois executo os mesmos gestos todos os dias. Sigo o modelo de vida dos meus gatos, só me falta "aquele" momento de loucura que torna suportável o resto. Se juntar a isto uma vida profissional caracterizada pelo marasmo, então estou perdida. É um pouco como me sinto talvez por este tempo quase-primavera-quase- inverno.

A minha escola não tem clima (?). Não chega "ministrar" as aulas e palrar de noventa em noventa minutos com alguns colegas - nem sempre os mesmos - sobre o tempo, a futura reforma, as barbaridades da Ministra... calando a discussão que verdadeiramente interessaria sobre a realidade da escola. Mas aqui há um assunto tabú: o Conselho Executivo .Como se houvesse dois clubes de futebol rivais que só discutissem sobre o tamanho da relva.Esta escola só se discute na clandestinidade.