outubro 29, 2006

Diz...

Certamente por limitações inerentes ao meu sexo, visto que sou mulher, não consigo separar os aspectos pessoais dos da área política, artistica e outras. Por exemplo, nunca gostei da escrita de Agustina Bessa Luís porque não gosto dela como pessoa, do que conheço dela através das suas afirmações de quem, por ter 83 anos e ser uma figura reconhecida, acha que pode dizer o que lhe apetece. Até pode mas se tivesse outro estatuto talvez a tanto não se atrevesse. Numa entrevista dada ao Sol revela-se mais uma vez. À pergunta se nos costumes é uma mulher de esquerda responde :
"Não. Sempre fui católica"
Sobre o casamento entre homossexuais:
"Uma coisa são os homossexuais outra são os maricas.Os maricas querem todas essas prerrogativas, como o casamento. Os homossexuais não."
A propósito da necessidade de guerra para os homens:
"As guerras despertam um sentimento de culpa e do sentimento de culpa nasce a criação. Os homens precisam de se sentir culpados para criar."
"As mulheres são criadoras por natureza".

Isso torna-as o quê?
"Irresponsáveis e imóveis. A mulher não tem necessidade de evoluir. Acompanha o homem por simpatia.""Os homens são mais sensíveis e sinceros. A mulher sempre teve e continua a ter uma vida doméstica que a limita. Um cão preso torna-se feroz."
E termina:
"Não vejo razões para gostar de mim porque eu também não gosto da maioria das pessoas...Ainda bem que vivo num tempo em que já não se queimam bruxas."

Ainda bem que vivo num tempo em que a Agustina não pode ser caçadora de bruxas.

outubro 24, 2006

Quando passeio pela Baixa,gosto de pensar nas pessoas que já percoreram aquelas ruas antes de mim em séculos passados, imagino-as nos seus encontros, intrigas, amores e tenho pena de não saber mais sobre elas. Seria interessante uma máquina do tempo.
Fiquei assim triste com a notícia dada pelo Público de que uma necróplole da Idade do Ferro, perto de Baleizão que vinha sendo "sistematicamente pilhada e destuída por actos de vandalismo e uso ilegal de detectores de metais" foi desta vez irremediavelmente perdida com o uso de um tractor e outra máquina acoplada abrindo veios de quarenta centímetros de profundidade destruindo o contexto arqueológico do sítio. Como é possível que uma coisa destas aconteça? Para que servem tantos institutos de defesa do património espalhados pelo país se não conseguem tomar medidas que impeçam destruições como esta (pois infelizmente não é um caso único)?

outubro 19, 2006



Numa coisa as entidades patronais estão sempre de acordo com os sindicatos: as contagens dos trabalhadores em greve dão para os primeiros números muito inferiores aos valores apresentados pelos segundos. Será que isto é mais uma manifestação dos profundos problemas com a matemática que afectam toda a sociedade portuguesa?

outubro 15, 2006

Greve

Nas próximas terça e quarta é a greve de professores. Ainda não decidi se vou fazer mas inclino-me mais para o não.Pelo que li as grandes divergências actuais entre os sindicatos e o ministério são o exame para entrada na profissão e a existência de duas categorias: professor e professor titular. Penso que ninguém devia ser obrigado a ser professor titular, há pessoas que não gostam ou não têm perfil,como é costume dizer-se,para essas funções, mas não deviam ser penalizadas por esse facto. Podem ser apenas professores e bons. Mas na proposta do ministério, estes ficarão muito distantes dos outros. É aqui que tenho dúvidas, devia haver duas carreiras paralelas. Poderia até ser mais bem remunerada a de titular, mas não tanto, assim parece que o "apenas professor" fica pelo caminho, é um professor de segunda.

outubro 07, 2006


Acabei de ler "O Deserto dos Tártaros" de Dino Buzzati (1906-1972). Fiquei impressionada, até me apetece chorar.
Conta a história de Drogo,jovem militar cheio de sonhos, destacado numa irreal e esquecida fortaleza, durante anos,à espera do seu momento de glória que será o confronto com o inimigo. Esse objectivo só será concretizado para alguns. Para dar sentido à inutilidade das suas vidas vão acreditando que um dia, do misterioso deserto, chegarão os Tártaros. É bem verdade que ao longo da vida poderia ter feito outras opções mas vai preferindo a rotina e o conhecido, distanciando-se da realidade e do receio de situações novas. Já no fim, quando abandona a fortaleza, doente e velho,chega o exército inimigo mas apesar de excluído dessa batalha ainda parece haver uma esperança para ele: a luta pela vida.

" A pouco e pouco a sua fé ia esmorecendo. É difícil crer numa coisa quando estamos sós e não podemos falar disso com ninguém. Foi justamente nesses dias que Drogo se apercebeu de como os homens, por muito que se estimem, permanecem sempre distantes; de que se alguém sofre, o sofrimento é unicamente seu, ninguém pode chamar a si uma pequena parte dele; de que se alguém sofre, lá por isso os outros não sentem nenhuma dor, mesmo que o amor que os une seja grande; e isso é a causa da solidão da vida."

outubro 05, 2006

República

Hoje, dia 5 de Outubro, não seria mais correcto comemorar o dia da independência nacional(assinatura do tratado de Zamora em 1143) em vez do dia da implantação da república? Dizem festejar a liberdade...
Haveria menos liberdade no tempo do rei D. Carlos do que nos tempos que se seguiram e que culminaram em Salazar?
O que é a ética repúblicana e a ética monárquica nos dias de hoje?

outubro 01, 2006

The gap is closing




Slowly.

Encontrei este post no pura economia