outubro 30, 2005

Um comentário

Costumo ficar irritada com as crónicas de Vasco Puliido Valente no Público. Desta vez achei graça, mas realmente o homem nunca está contente com coisa nenhuma.
Chama-se "O manifesto misterioso" e reza:
O manifesto de Cavaco não se percebe bem. E não se percebe bem porque pode ser tudo e, com a mesma facilidade, pode, evidentemente, não ser nada. Às vezes, por exemplo parece uma redacção. As minhas ambições para Portugal de Ronaldo Silva, 18 anos, Alcântara, Lisboa:"Eu gosto muito de Portugal..."
Se não for uma redacção, o manifesto talvez seja um Dicionário de Lugares Comuns para Candidatos com ambições para Portugal da editora Sampaio e Companhia(sede em Belém). Há grande escolha: credibilizar o Estado; seriedade, honestidade e transparência da vida política; pleno exercício dos direitos, liberdades e garantias; participação cívica; consolidação orçamental para reforço da competitividade e do desenvolvimento;qualificação dos recursos humanos; sociedade mais justa e solidária; sistema de segurança social financeiramente sustentável; aposta forte na qualidade do ensino superior; tradicional repúdio pelo racismo e xenofobia...
Não sendo nem uma redacção nem um dicionário o manifesto só pode ser uma asneira. Passa por um programa de governo, promete a Lua, acicata a esperança de um milagre para o dia em que o dr. Cavaco subir gloriosamente aos céus. No fundo, agrava o pior problema do presuntivo Presidente Cavaco: a desilusão e a fúria do país quando constatar que ele não mudou, nem consegue mudar, coisa nenhuma. Tretas de agora, penas de amanhã. O manifesto é um mistério."

outubro 24, 2005

Perfeito

Temos então o Candidato perfeito à presidência da república: não é político profissional, é independente, não é movido por interesses pessoais e egoístas e a família dele não vai entrar na campanha eleitoral.

outubro 23, 2005

Estranho

Pois não sabia que para melhorar o sucesso escolar era preciso separar as raparigas dos rapazes, foi agora afirmado pela directora de um colégio feminino bem colocado nos rankings. No entanto estou farta de ver nas minhas turmas que as raparigas têm mais sucesso que os rapazes sem precisar de as separar deles. Se o colégio em causa fosse masculino até percebia a afirmação: uma atitude de protecção, mas assim , elas até já são melhores mesmo com eles.

outubro 19, 2005

Sylvia Plath(2)

Foi só quase quarenta anos depois da sua morte que descobri Sylvia Plath. E estou a gostar. Foi ao ver um filme com a Guyneth Paltrow que resolvi investigar se ela tinha existido ou era ficção. Fiquei impressionada. A minha veia feminista que está sempre latente à espera de rebentar,inchou.Compreendo o sucesso que a sua obra teve nos anos 70 para o feminismo. Por um lado a sua vida literária amordaçada por um marido abafante e por outro a sua vida doméstica inibidora da sua afirmação pessoal e da sua criatividade. Os seus poemas e contos foram muito críticos dessas relações que a sociedade impunha às mulheres. Embora aparentemente muito tenha mudado entre os sexos e na forma como é visto o papel de cada um deles, não me parece que a situação actual esteja livre de reparos, bem longe disso.

outubro 17, 2005

Sylvia Plath (1932-1963)



I Am Vertical

But I would rather be horizontal.
I am not a tree with my root in the soil
Sucking up minerals and motherly love
So that each March I may gleam into leaf,
Nor am I the beauty of a garden bed
Attracting my share of Ahs and spectacularly painted,
Unknowing I must soon unpetal.
Compared with me, a tree is immortal
And a flower-head not tall, but more startling,
And I want the one's longevity and the other's daring.

Tonight, in the infinitesimal light of the stars,
The trees and flowers have been strewing their cool odors.
I walk among them, but none of them are noticing.
Sometimes I think that when I am sleeping
I must most perfectly resemble them--
Thoughts gone dim.
It is more natural to me, lying down.
Then the sky and I are in open conversation,
And I shall be useful when I lie down finally:
The the trees may touch me for once, and the flowers have time for me.

outubro 08, 2005

Caravaggio


( Auto-retrato do Pequeno Baco doente, 1591)
Foi há poucos anos que vi pela primeira vez ,ao vivo, pinturas de Caravaggio. Não sei mesmo se já teria visto alguma reprodução, mas lembrava-me do nome. Foi uma experiência única. Fiquei maravilhada e atraída nem sei explicar o que senti.Era diferente de tudo o que tinha visto.
Chamava-se Michelangelo Merisi, natural de Caravaggio onde nasceu em 1571.Levou a vida de prisão em prisão de onde era libertado pelos seus protectores e morreu assassinado com quarenta anos,em 1610.Era escandaloso e provocante para a época e mesmo depois de morto. Só a partir de 1920 começa a sua reabilitação. Sem ele muitos pintores que se seguiram teriam pintado de outra maneira.

outubro 07, 2005

Frustrações


Cheguei a casa com uma terrível dor de cabeça e vontade de, ou me empanturrar de bolos ou de me deitar a dormir. Foi com os meus alunos. E também comigo. Depois de várias actividades de observação do cilindro, planificação do cilindro, descrição da dita,medições à volta das superfícies laterais de panelas, latas, etc. para dividir esses valores pelo respectivo valor do diâmetro e finalmente orgulhosos chegarmos ao famoso pi ( que todos acharam muito engraçado) depois disso tudo - reconheço que mais valia estarmos todos quietos: eu escrevia a fórmula do perímetro no quadro e fazíamos exercícios.Bom, não foi inútil para todos, digamos que em vinte ,nove perceberam e conseguem aplicar - é frustrante.

outubro 05, 2005

Libertada


Judith Miller, jornalista do New York Times, presa desde julho por se recusar a colaborar com a justiça, revelando a identidade de uma fonte, foi libertada a semana passada.
Desobrigada da confidencialidade pela respectiva fonte, concordou em testemunhar. Em causa estava saber como tinha obtido a informação de que a mulher de um embaixador era agente da CIA. Recusou-se a colaborar para proteger os direitos das fontes. Sou uma romântica, emociono-me com estas atitudes corajosas. Haverá muitos jornalistas em Portugal capazes de atitudes semelhantes?