abril 29, 2007

Dia Mundial da Dança


Sylvie Guillem

O que pode levar uma criança de dez anos a querer ser bailarina... e como fazer para que ela não desista: eis um tema para reflexão hoje.

abril 25, 2007

Mais uma vez Cavaco sugeriu o que é para ele a democracia, ou seja, o que não é. Chegar ao Parlamento, símbolo e resultado do 25 de Abril e fazer a apologia da vida não partidária , o mundo dos seus sonhos onde todos se entendem para o bem da pátria, esquecendo ideologias é uma provocação. Dizer aos jovens ( quais?)que digam o que querem para o governo executar é mais um sintoma dessa visão em que o confronto de ideias não tem interesse.Os jovens talvez queiram trabalho ou talvez não e queiram uma vida fácil sem exigências, devem dizer o que desejam mas daí à concretização não vai um pequeno passo, não há varinhas de condão.

abril 19, 2007

Já uma vez aqui disse do meu gosto por matemática. Mas foi depois da minha vida de estudante, propriamente dita, terminar que descobri melhor o seu encanto e ela passou a ser ,não direi uma paixão, mas um dos assuntos que fazem parte da minha lista. Assim conforme a necessidade ou por mero acaso vou aprofundando alguns temas. Um assunto de que não me lembro de alguma vez ter tratado na escola - a minha formação foi na área da economia - foram os paradoxos de Zenão,
em especial o de Aquiles e a Tartaruga. Às vezes falo dele aos meus alunos e noto neles a mesma surpresa que eu tive. Aquiles que anda "depressa", é humano, nunca pode alcançar a Tartaruga porque na altura em que atinge o ponto donde ela partiu, ela já se deslocou para outro ponto e quando ele alcança esse ponto ela já está noutro e assim sucessivamente ad infinitum.É lindo! Sabemos intuitivamente que é verdade o espaço ser infinitamente divisível mas também sabemos que Aquiles apanha a pobre Tartaruga enquanto o diabo esfrega um olho.

abril 13, 2007

Cavaco Silva promulgou a lei da interrupção voluntária da gravidez mas fê-lo com recados. Por um lado para se justificar perante os que se opunham à promulgação, por outro lado porque continua a achar que a mulher é um ser leviano incapaz de decidir por si própria sem aconselhamentos. Por ventura, nessa sessão de aconselhamento, o ideal, seria estarem presentes médicos ( já agora porque é que se diz sempre médicos e enfermeiras? Será que só há médicos-machos e enfermeiras-fêmeas?) pró e contra o aborto culminando com o visionamento da ecografia sem esquecer o aprofundamento do motivo que leva a mulher a "pretender" tal intervenção. Haja paciência...

abril 04, 2007

Vou agora uns dias ao Alentejo, bem diferente do aqui cantado por Miguel Torga em 1946:
Canção Para o Alentejo

Alentejo, Alentejo,
Vastidão de Portugal
Futuro, continental!
Terra lavrada, que vejo
A ser mar mas sem ter sal.

Ondas de trigo maduro
Onde mais ninguém se afoga:
Danças alegres da roga
Que vindima no meu Doiro
E vem colher o pão loiro
Da inteira fraternidade
Que falta a esta metade
De coração largo e moiro...

abril 02, 2007

E digam lá que não há aqui beleza...
1 x 1 = 1
11 x 11 = 121
111 x 111 = 12321
1111 x 1111 = 1234321
11111 x 11111 = 123454321
111111 x 111111 = 12345654321
1111111 x 1111111 = 1234567654321
11111111 x 11111111 = 123456787654321
111111111 x 111111111=12345678987654321

mas há mais para ver.

abril 01, 2007

A minha relação com a religião,desde que me lembro, foi sempre conflituosa.A ideia da existência de um Deus sempre presente ,conhecedor de todos os meus pensamentos e gestos,mais! sabendo até o que eu ia fazer a seguir embora me desse a liberdade de escolher, aterrorizava-me. Não conseguia viver se acreditasse nisso. Entrar numa igreja era a coisa mais desagradável que me podiam obrigar a fazer. Aquelas imagens todas, estáticas, a olhar para mim eram um símbolo de sofrimento e morte que me angustiava. Com o tempo fui racionalizando a questão , mas ainda hoje me é difícil entrar numa igreja, ao contrário de muita gente que se sente calma nesse silêncio, eu só penso em fugir :sinto um peso sobre mim, sinto-me oprimida. Mas de todas as recordações da minha infância, as piores prendem-se com a Páscoa. Toda essa história de morte e ressurreição, todo esse ritual deprimente: a via sacra, as igrejas vestidas de roxo e culminando com uma visita ao Calvário - uma igreja- onde uma enorme estátua, sobre-humana com o seu ar arrepiante esperava a nossa visita e o beija-pé, era demais para o imaginário interrogativo da criança racional que eu era. Acho que começou aí a minha doença do cólon irritável.