julho 25, 2007


A partir de quinta vou estar perdida no meio do oceano.

julho 24, 2007

Para alguns parece que o insucesso em Matemática é devido ao uso precoce da máquina de calcular e à não memorização das tabuadas. Todos os anos recebo alunos que acabaram de fazer o 1º ciclo em escolas da cidade de Lisboa e arredores, públicas e privadas. Nenhum deles usou até aí calculadora e comigo só costumam utilizar no 6ºano. Quanto ao conhecimento da tabuada a situação varia mas embora alguns não as saibam na ponta da língua sabem o que devem fazer para responder. Levam é mais tempo. Depois vem a questão dos algoritmos: são raros os que sabem o da divisão com mais do que um dígito no divisor e muitos nem isso; em todas as operações quase todos se esquecem do transporte não se admirando nada de ir às compras e depois da despesa terem mais dinheiro do que antes. Se entrarmos em adições e subtracções de números inteiros com números decimais é um desastre para muitos:
4 + 1,5 =1,9 e só depois de questionados com um exemplo do tipo" tens 4 euros e dou-te um e meio achas que ficas com 1,9"...Ah é verdade esqueci-me!...reconhecem o erro.
Com este panorama vamos resolver problemas. Acho que quando se fala na palavra problema dá-se um aperto no cérebro da criança. O horror! Para mim seria mais horroroso fazer contas que não se referissem a um problema. Eles preferem fazer contas, do mal o menos. À palavra problema acendem-se na suas cabeças quatro botões: mais- menos- vezes -dividir. Qual será? Ainda antes de ler a questão já estão obcecados com essa escolha. E se a máquina de calcular pode fazer a operação não a pode escolher ainda. E muitos alunos até sabem as tabuadas e sabem resolver as operações mas não chega para resolver um problema.
Assim concluo, à primeira vista, que algo está errado na aprendizagem que a maior parte dos alunos teve antes de chegar a mim e que a situação não é tão simples como a dicotomia cálculo mental - calculadora.

julho 18, 2007

Não estamos satisfeitos

Dizem as estatísticas:

Quase 40 % dos portugueses estão insatisfeitos com a vida.

Trinta e oito por cento dos portugueses estão insatisfeitos com a sua vida face a apenas 19% dos europeus. É o resultado do Eurobarómetro 67 (Primavera 2007) sobre a opinião pública europeia feito por encomenda da Direcção-Geral de Comunicação para a Representação da Comissão Europeia em Portugal. Vários Eubarómetros anteriores têm demonstrado que os portugueses estão entre os cidadãos mais insatisfeitos da Europa em relação à vida em geral. Neste Eurobarómetro, essa situação não se alterou. Numa perspectiva de médio prazo, esta posição tende a modificar-se. Assim, os portugueses estão entre os europeus que mais acreditam que a sua situação pessoal irá melhorar no espaço de cinco anos. Cinquenta por cento dos portugueses acreditam que dentro de cinco anos a sua situação irá melhorar face apenas a 43 por cento dos europeus. Entre os que têm esta crença estão os mais jovens e em termos de estatuto ocupacional, os profissionais liberais, os colarinhos brancos e os trabalhadores manuais.
Eu também espero ficar mais satisfeita com a vida nos próximos cinco anos...

julho 15, 2007

Uma escola portuguesa, EB23 de Pias, foi distinguida por um organismo internacional pela sua qualidade educativa, no entanto a DREN declarou o seu encerramento, segundo uma notícia do Expresso.
Estranho mundo o português..

julho 14, 2007

A minha vida de estudante foi marcada sempre por exames, até fiz exame de admissão ao liceu quando acabei a quarta classe. O exame era um momento importante: nesse dia costumava estrear um vestido e sapatos para reforçar a solenidade do acto.
Posteriormente foi decretada a "monstruosidade" e a contranatura dos exames, acompanhada de uma filosofia de avaliação contínua que acabou por institucionalizar a desvalorização do trabalho individual, do esforço continuado e da memorização. Foram trinta anos assim...
Há gente que está convencida do contrário. Se houvesse mais exames, exames a todas as disciplinas, veríamos que não é só a Matemática que anda mal.

"Os alunos não sabem nada? Não estão preparados para a vida? Pois muito bem, a solução mais fácil - e também a pior - consiste em acabar com a maneira de se saber que eles não sabem. Se ignorarmos o problema, passa a não haver problema nenhum. Ah, como seria fácil o ensino em Portugal sem quaisquer exames..." (Carlos Fiolhais)

julho 12, 2007

Belvedere, litografia,1958, Escher
"Atrás e à frente,ao mesmo tempo, não é possível num mundo tridimensional e não pode por isso ser representado. Mas pode ser desenhado um objecto que, visto de cima, representa uma realidade diferente da que representa quando visto de baixo".
É o que acontece com o desenho da folha de papel no chão onde estão desenhadas as arestas de um cubo, os círculos indicam os pontos onde as linhas se cruzam e não sabemos que linha está à frente e que linha está atrás.
Igualmente o rapaz sentado, tem na mão um cubo impossível que observa e atrás de si está um belvedere , onde interior e exterior se confundem. Porque será que há um prisioneiro no primeiro piso?

julho 10, 2007


Dia e noite (1938)
Mauritus Escher (1898-1972) é um artista gráfico holandês, conhecido pelas suas xilogravuras e construções representando situações absurdas e simetrias inspiradas na arte árabe.
São suas as seguintes palavras:
"As ideias que lhe estão subjacentes ( refere-se à sua obra) testemunham, na maior parte, o meu espanto e admiração em face das leis da natureza que operam no mundo à nossa volta. Aquele que se maravilha com alguma coisa tem ele mesmo a consciência da maravilha. Olhando de olhos abertos para os enigmas que nos rodeiam e ponderando e analisando as minhas observações, entro em contacto com o domínio da matemática. Embora não tenha qualquer formação e conhecimento das ciências exactas, sinto-me frequentemente mais ligado aos matemáticos do que aos meus colegas de profissão".
Sobre a xilogravura representada ele esclarece:
"Campos cinzentos rectangulares evoluem para cima em silhuetas de aves brancas e negras. Como duas formações de sentido contrário voam as pretas para a esquerda e as brancas para a direita. No lado esquerdo fundem-se as brancas umas nas outras e formam céu e paisagem de dia. Do lado direito unem-se as pretas na noite. A paisagem do dia e da noite são imagens reflectidas uma de outra, ligadas por campos cinzentos, dos quais de novo evoluem aves".

julho 08, 2007

julho 07, 2007

No Público de sexta-feira:

Todos os meses há três mulheres assassinadas pelos maridos
No ano passado, pelo menos 39 mulheres foram mortas pelo actual ou ex-companheiro, um número que está a crescer.
Um em cada seis assassínios registados em Portugal em 2006 foi um homicídio conjugal - teve como vítima um dos membros de um casal (ou ex-casal) e como agressor o outro, revelou ontem a socióloga Elza Pais durante um seminário do Conselho da Europa realizado em Lisboa. A maioria das vítimas era do sexo feminino. Entre Novembro de 2005 e Novembro de 2006, 39 mulheres acabaram assassinadas pelo cônjuge ou ex-cônjuge e 43 ficaram gravemente feridas na sequência de tentativas de homicídio perpetradas pelo homem com quem viviam ou tinham vivido, indicou a actual presidente da Comissão para a Cidadania e Igualdade do Género, com base no último levantamento feito pela União de Mulheres Alternativa e Resposta (UMAR) a partir dos casos noticiados pela imprensa. Em 2005, segundo informação da Polícia Judiciária, o homicídio conjugal tinha vitimado 33 mulheres. Outras 27 foram alvo de tentativas de homicídio. Comparando uma década de homicídio conjugal em Portugal, Elza Pais confirma a tendência de subida: em 1996, aquele tipo de assassínio representou 15,1 por cento do total de crimes de homicídio; em 2006, o seu peso no conjunto subiu para 16,4 por cento. Isto significa o quê em número de homicídios? A investigadora diz que essa é uma questão a que o tipo de estatísticas existente em Portugal ainda não dá resposta. Esta situação só será ultrapassada quando o Ministério da Justiça alterar o modo como apura os dados.
O que se sabe então? Que o número de mulheres assassinadas deverá por certo ser mais elevado que os 39 reportados pela UMAR - estes foram apenas os casos noticiados. E que entre a comunidade de detidos tem vindo a aumentar o número de reclusos que estão a cumprir pena por crimes de homicídio conjugal. Mais homens, mais velhos. Com base na subida do número de detidos por este tipo de crime - de 150 em 1996 passaram para 212 em 2006 -, a socióloga constatou também que são cada vez mais os homens a cometê-lo: a sua representação nesta comunidade passou de 83 para 86 por cento em dez anos. E que a idade dos agressores tem vindo a aumentar: a maioria dos que estavam detidos no ano passado tinha mais de 36 anos. Segundo Elza Pais, é possível concluir daqui que os planos contra a violência doméstica (estamos no 3.º) têm surtido efeito entre as mulheres e nos jovens. Os efeitos nos mais jovens levam a investigadora a sublinhar a necessidade de mais prevenção, de modo a quebrar o que as investigações têm vindo a concluir: "Os futuros agressores e vítimas são as crianças que assistem à violência entre os pais." É uma escola marcada pelo género - "Os homens fazem a aprendizagem da agressão. As mulheres fazem a aprendizagem da vitimização." Outra conclusão que, segundo Elza Pais, "abona" a favor do trabalho feito: as vítimas estão a deixar de ter vergonha e medo. O que justifica, em grande parte, o aumento do número de ocorrências de violência doméstica reportadas às forças de segurança - passaram de 11.162 em 2000 para 20.595 em 2006. O sociólogo Manuel Lisboa vai mais atrás: em 1995, só um por cento das vítimas apresentaram queixa.

julho 04, 2007

Já há vários dias que vem um anúncio publicado nos jornais.Trata-se do desaparecimento de uma tapeçaria de Portalegre da autoria do pintor Figueiredo Sobral nascido em Lisboa em 1926, a obra é de 1970. Pedem-se informações que conduzam à localização.
O espantoso é como é que desapareceu sem deixar rasto uma tapeçaria de 7 metros de comprimento por 2 metros de altura.
Fiquei curiosa. Donde teria desaparecido? De um organismo público certamente e como? Não foi debaixo do braço.
Podia-se até escrever uma história interessante sobre o tema.