Acabei de ler"O transporte para San Cristóbal de A. H." de George Steiner. Como o autor diz trata-se de uma parábola sobre a dor suportada pelas vítimas do nazismo e não só, a dor da lembrança. Fala sobre a aventura de um grupo israelita de caçadores de nazis num pantanal algures na Amazónia, onde vão buscar Hitler para ser julgado pelos seus crimes.
Tem alguns aspectos curiosos. Um é o conselho dado a certa altura aos pesquisadores para não se deixarem "amolecer" pela humanidade de Hitler, isto é, com a convivência e luta pela sobrevivência diária é natural que esqueçam o monstro e pensem no homem igual a eles. Outro aspecto é o discurso de Hitler em defesa própria com que encerra o livro.
A obra tem sido muito mal aceite, como se calcula, e continua a sê-lo. H. começa por dizer que o que fez foi inspirado na religião dos judeus, a do povo escolhido de Deus, seres perfeitos e puros. " Existiu alguma vez invenção mais cruel, congeminação mais calculada para atormentar a existência humana, do que a de um Deus omnipotente, omnisciente e, contudo invisível, impalpável e inconcebível?"
Compara o Holocausto com o que sucedeu no Congo belga, o que fez Estaline, e o que se fez em Hiroxima, concluindo que a sua "obra" foi quase uma brincadeira de crianças.
Fala ainda na tolerância ou silêncio dos europeus e americanos à sua perseguição aos judeus, que na prática, parecia um apoio.
"Repudiei a chantagem do ideal com que vocês perseguiam a humanidade. Os meus crimes são comparáveis e inferiores aos crimes de outros. O Reich gerou Israel".
São algumas verdades difíceis de ouvir por muitos.
Sem comentários:
Enviar um comentário