julho 25, 2006

Fala-se

Enquanto cada um vai dizendo e escrevendo para esconder, envergonhado, o que verdadeiramente pensa sobre o problema, há alguém que o diz muito claramente sem papas na língua:

“Eu aconselho que façam suas malas e se mandem da região antes de ficarem presos no fogo das chamas que vocês acenderam no Líbano", declarou Ahmadinejad.O Irão não reconhece a existência do Estado de Israel e apoia os seus inimigos, o Hezbollah libanês e os grupos islâmicos palestinos.O presidente iraniano vem repetindo há meses que os "sionistas devem deixar a região e criar um Estado em algum outro lugar, em particular na Europa ou na América do Norte".
Mas há mais aqui perto

julho 23, 2006




A ministra foi ao Parlamento tentar convencer mas não conseguiu. Porque quem a ouviu não estava lá para ouvir ou ser convencido.
Foi um espectáculo triste mas previsível. A ministra não tem experiência de oradora, não foi deputada, não sabe argumentar e atacar sem se dexar ir abaixo.
É difícil entender ( será? ) porque é que só se repetem os exames de Química e Física. Mas que outra alternativa sem criar um tremendo caos? Emendar um erro com outro dá sempre mau resultado.Se a ministra confessasse o seu erro e pedisse desculpa todos ficavam contentes e até esqueciam os tais dois exames.
Mas não era por esse aspecto que a oposição batia na ministra. No fundo o que estava em causa era toda a actuação durante o ano escolar, a oposição trouxe para ali outra guerra.

julho 19, 2006

A educação e a política

Um artigo interessante de Teodora Cardoso para ler aqui.

Marilyn


Nem nos meus tempos de feminista mais sectária escapei ao fascínio de Marilyn. Adorava, ainda adoro, ver os seus filmes.
Gostaria ( gostaríamos? ) de ser um pouco ela. Um corpo belo mas intocável e um rosto inocente mas desafiador. Uma contradição.

julho 16, 2006

Ligeira melhoria( diz ele)



Na minha escola este ano houve 50% de negativas no exame do 9º ano de Matemática.
No ano passado tinha sido pior, se não me engano 64%. Este ano os níveis negativos situaram-se perto dos 40%, no ano passado foram mais baixos. A professora é a mesma, os programas são os mesmos, só os alunos mudaram. Questões que envolviam raciocíno, até os maus alunos resolveram, falharam onde não tinham trabalhado.Destes, alguns têm capacidades mas não estão interessados, outros estão interessados mas a escola ( o problema não é só da escola ) tem falhado em conseguir alterar as suas dificuldades. E assim acaba para eles - excepto se desistirem de ser bailarinos e escolherem um percurso menos "artistico" - a sua experiência Matemática : a escola não tem matemática no plano de estudos depois do 9º ano.
É triste.

julho 12, 2006

Surpresa?

O papa foi a Espanha, numa altura em que devia ficar em casa e deixar os espanhóis resolverem os seus problemas e Zapatero, que o recebeu com toda a honra no aeroporto, faltou à missa.Fez bem é coerente. Gostei da sua atitude e só lamento que Jorge Sampaio não tenha feito o mesmo aquando da visita papal a Fátima.
Já a critica ressentida da igreja contra o primeiro ministro é ...a do costume: continua a não aceitar a separação entre o poder político e o religioso, a esperar a servil vassalagem dos chefes de estado.
A nossa constituição é clara - "As igrejas e outras comunidades religiosas estão separadas do Estado e são livres na sua organização e no exercício das suas funções e do culto".

julho 07, 2006

Razões



Nos Estados Unidos, no início dos anos 90, os criminologistas, cientistas políticos e outras pessoas faziam previsões negras sobre o aumento da criminalidade juvenil americana. Mas aconteceu o contrário: de repente, em vez de crescer, a criminalidade de todo o tipo começou a diminuir de forma surpreendente. Em cinco anos a taxa de homicídios envolvendo adolescentes tinha baixado 50% contrariando todas as previsões.
Imediatamente os analistas começaram a procurar as razões que iam desde a vigorosa economia dos anos 90, às leis de controlo de armas, às estratégias policiais inovadoras postas em prática. Essas teorias explicativas eram lógicas e dos especialistas passaram para os jornalistas e daí para o público passando a ser do senso comum.
Mas havia um problema: não eram verdadeiras. Uma outra causa da ocorrência situava-se nos anos 70 quando, na sequência de um pedido de aborto por parte de uma mulher, foi desencadeado todo um processo que levou à legalização do aborto em todo o país. Como é que este facto explica a inversão da violência juvenil? É simples. Crianças não desejadas têm maior probabilidade de virem a tornar-se criminosas. Ou seja, houve um conjunto de potenciais criminosos que foi reduzido de uma forma espectacular. Este factor é no entanto ignorado pelos analistas como uma das causas para a queda da criminalidade.

Isto é um resumo de uma das curiosas posições de Steven D. Levitt - o economista americano que vê as coisas de uma maneira diferente.

julho 02, 2006

Os Arnolfini





O que me impressionava nesta pintura?
o olhar de promessa de amor dos esposos,
uma certa certeza de intimidade doméstica,
um espelho ao fundo onde vejo os que estão a ver a mesma cena,como se estivessem ao meu lado mas que não me vêem a mim -eu não faço parte do quadro - só o meu olhar,
o próprio pintor estar também no espelho...
O pormenor de os esposos estarem também no espelho, de costas...

Não sei. Não sou analista de arte. Mas que continuo a gostar de me perder a olhá-lo, isso é verdade.

O quadro mistério

O liceu, a seguir ao amplo átrio, tinha uma escadaria que se bifurcava no primeiro lanço dando acesso ao novo piso. No topo, ao centro, ficava a sala de professores, para a esquerda a biblioteca, o gabinete do reitor e algumas pequenas salas de aula; para a direita apenas salas de aula.
Não era permitido ou aconselhável aos alunos "frequentar" a escadaria. Mas o proibido sempre me levou à transgressão.
As paredes que ladeavam as escadas tinham reproduções de quadros. Só me recordo de um. O quadro seduzia-me, correndo o risco de ser apanhada lá estava eu a observá-lo.
Mais tarde, de vez em quando, lembrava-me deste quadro. Queria vê-lo de novo e perceber o que teria capaz de atrair uma adolescente rebelde durante anos. Aí tinha mais um problema: não sabia o nome do autor e lembrava-me vagamente do que representava - um homem e uma mulher de mãos dadas(?)e um espelho ao fundo.
Foi por acaso. Ia na rua quando deparei com uma rapariga com um saco na mão dos que se vendem nos museus ( que banalidade ). Estava ali! Debaixo dos meus olhos! A partir daqui, sabendo que o saco era de uma galeria de Londres, usando a Internet e alguma paciência, seria fácil. Mas foi através de Velázquez e das suas "Meninas" que cheguei a Jan Van Eyck ( 1390-1441 ) e ao Casamento dos Arnolfini ( 1434 )!