julho 07, 2006

Razões



Nos Estados Unidos, no início dos anos 90, os criminologistas, cientistas políticos e outras pessoas faziam previsões negras sobre o aumento da criminalidade juvenil americana. Mas aconteceu o contrário: de repente, em vez de crescer, a criminalidade de todo o tipo começou a diminuir de forma surpreendente. Em cinco anos a taxa de homicídios envolvendo adolescentes tinha baixado 50% contrariando todas as previsões.
Imediatamente os analistas começaram a procurar as razões que iam desde a vigorosa economia dos anos 90, às leis de controlo de armas, às estratégias policiais inovadoras postas em prática. Essas teorias explicativas eram lógicas e dos especialistas passaram para os jornalistas e daí para o público passando a ser do senso comum.
Mas havia um problema: não eram verdadeiras. Uma outra causa da ocorrência situava-se nos anos 70 quando, na sequência de um pedido de aborto por parte de uma mulher, foi desencadeado todo um processo que levou à legalização do aborto em todo o país. Como é que este facto explica a inversão da violência juvenil? É simples. Crianças não desejadas têm maior probabilidade de virem a tornar-se criminosas. Ou seja, houve um conjunto de potenciais criminosos que foi reduzido de uma forma espectacular. Este factor é no entanto ignorado pelos analistas como uma das causas para a queda da criminalidade.

Isto é um resumo de uma das curiosas posições de Steven D. Levitt - o economista americano que vê as coisas de uma maneira diferente.

3 comentários:

Rafael disse...
Este comentário foi removido por um gestor do blogue.
Rafael disse...

Nunca tinha associado os dois fenómenos.
Parece-me bastante aceitável fazê-lo!
Pessoalmente, gostaria de ver legalizada a prática do aborto.
Quanto mais não seja, para evitar que as mulheres os façam em vãos de escada sem condições...

IC disse...

Já conhecia esta interpretação da baixa de criminalidade juvenil nos EUA e parece lógica. Eu sou totalmente a favor da despenalização do aborto. Ser-se a favor da despenalização é independente de a pessoa defender o aborto ou optar por (ou rejeitar) alguma vez o fazer, é apenas reconhecer a cada mulher a liberdade de opção. Tantas mulheres o fazem em condições clandestinas desgraçadas, essas são as que não têm liberdade para quase nada na vida, nem sequer a de pouparem o nascimento de uma criança a quem não poderão dar as condições mínimas de vida que fazem parte dos direitos da criança. O que me irrita é a hipocrisia de uns tantos que são capazes de fazer campanha contra porque, se as suas mulheres tiverem um precalço engravidando indesejadamente, têm dinheiro para o ir fazer fora do país, esses que até têm condições para aceitar mais uma criança.