Antes de irmos para a cama colocávamos uma bota na chaminé. O menino Jesus, não sabíamos bem como, por magia talvez, à meia-noite haveria de descer e deixar nela os ansiados presentes . Não podíamos ficar acordadas à espera porque assim ele não viria. Dormíamos mal e, assim que se via a claridade do dia já estávamos na cozinha a tirar os chocolates das botas: sombrinhas , ratinhos e bombons. E aquela boneca que tínhamos cobiçado da montra...Lembro-me de uma de trapos e de uma de papelão. Já não existem, claro, só resta uma de loiça- não me deixavam brincar com ela- que abria os olhos e chorava, ainda mexe os olhos mas só lança um ligeiro gemido. Não havia o culto do pai natal, só em chocolate e ,só anos mais tarde é que começámos a ornamentar o pinheiro.Fazíamos um presépio de papel com figuras que se pintavam , recortavam e colavam em cartão e era decorado com musgo, palha e flocos de algodão.
Assim era o meu Natal quando era pequena, bem diferente dos de hoje.