Durante muito tempo, costumava deitar-me cedo. Às vezes, mal apagava a vela, os meus olhos fechavam-se tão depressa que eu nem tinha tempo de pensar: "Adormeço". E, meia hora depois, despertava-me a ideia de que já era tempo de procurar dormir; queria largar o volume que imaginava ter ainda nas mãos e soprar a vela; durante o sono, não havia cessado de reflectir sobre o que acabara de ler, mas essas reflexões tinham assumido uma feição um tanto particular; parecia-me que eu era o assunto de que tratava o livro: uma igreja, um quarto, a rivalidade entre FranciscoI e Carlos V.
É desta maneira extremamente simples e vulgar que começa um livro que ainda não li:" Em busca do tempo perdido". Será por causa do título que nunca me resolvi a fazê-lo?
2 comentários:
Devo avisar que levei muito tempo a ler o conjunto da obra. Não só pela sua extensão, como pelo intrincado das frases. Mas se sobreviveres à leitura, verás, espero, que Proust vale, de facto, a pena. Principalmente se chegares ao último volume, onde o tempo se reencontra.
;)
Gostei de te encontrar no "meu cantinho". Obrigada pela visita.
Enviar um comentário