outubro 29, 2007

Já tenho constatado que nem sempre o título de um artigo corresponde ao seu conteúdo. Uma pessoa, na sua boa fé, começa a ler o texto e conclui que nada do que está escrito leva à conclusão que o título parece resumir. Ou então talvez seja um erro do leitor precipitado.
Neste domingo, no Público, vinha uma entrevista a Júlio Pedrosa por JM Fernandes e Raquel Abecassis. A certa altura surge um subtítulo destacado com letra mais forte "Estatuto dos docentes é muito rígido".
Comecei a ler pensando ser a opinião do entrevistado, actual presidente do Conselho Nacional de Educação, afinal é a opinião dos jornalistas:
"O governo aprovou um novo estatuto da carreira docente que cria uma grelha rígida para todo o país. Para haver mais autonomia não deveria ser possível premiar os professores que se dispõem a ir para zonas difíceis e conseguem bons resultados?"
Resposta:
"Estamos a entrar numa área onde se deram passos decisivos, como é o caso da estabilidade do corpo docente, com a colocação por três anos. Isto vai ter um grande impacto nas escolas.O estatuto também cria a figura de professor titular, o que é um bom princípio. "

outubro 27, 2007

Suponho que o luminoso Sol, como um amigo com graça lhe chama, tenha um certo trabalho todas as semanas a tentar descobrir uma maravilhosa, numerosa e feliz família da classe média alta e alta para expor no seu Tabú. Não será tarefa fácil. Um conselho: porque não tenta agora, para variar, procurar nas outras classes, em que certamente os problemas não serão quem vai levar e buscar as inúmeras crianças ao ballet, equitação, natação, golfe... mas algo mais primário ,como o que lhes dar para comer e vestir, todos os dias ,para irem para a escola com um ar decente.
Terá pouco interesse jornalístico para os leitores do Sol, claro, ensombra-lhes o dia, mas é capaz de ter mais a ver com este país.

outubro 22, 2007


Publicado por Xavier Gorce


O meu telefone também faz uns ruídos esquisitos. Será que está sob escuta?

outubro 19, 2007

Até à eternidade

Morreu Deborah Kerr. Aqui, está com Burt Lancaster no famoso filme de Fred Zinnemann em 1953, From here to eternity.


outubro 16, 2007

Pode um intenso momento, afectiva e sexualmente falando,repetir-se com a mesma força e intensidade? Não, não é a mim que a resposta a esta questão preocupa mas sim ao físico Larry num dos últimos episódios de Numb3ers. Pelas leis da Estatísticas e Probabilidades a repetição de tal ocorrência não poderia suceder. Assim ele recusa-se a voltar a ver a colega e amiga de longa data com a qual inesperadamente se envolveu de modo mais "carnal" com receio do novo encontro vir a ser um total fracasso e até correr o risco de perder uma bela amizade.
Claro que é um ideia ingénua para um físico. Por um lado o relacionamento sexual com a amiga não é um fenómeno aleatório mas sim a consequência de uma longa relação e, por outro lado, os sentimentos humanos,o desejo e a vontade são demasiado complexos para caberem num modelo de equações.
Conclusão:
Larry poderá repetir o tal momento único e perfeito e quem sabe se não será cada vez melhor...

outubro 14, 2007

O erro

Os alunos tinham que explicar se um meio é maior ou menor que um terço de um chocolate. Entre as várias justificações, umas mais completas que outras, uma miúda escreveu que "um terço é maior porque quando se faz a divisão - ela queria dizer quando se calcula a dízima - a de um terço dá um número infinito".
Nunca me tinha passado pela cabeça semelhante ideia, os alunos surpreendem-nos.
Vou ter que ter uma conversa séria com ela.

outubro 13, 2007




Quase que é caso para dizer "quando eu era pequenina" lia todos os livros que encontrava da Doris Lessing: Um casamento apropriado, O verão antes das trevas, A revoltada, O quinto filho... Era uma época militante. Depois passou-me. O último que li foi há pouco tempo: A Boa Terrorista, sobre grupos marxistas em Inglaterra, escrito em 85.
Para mim é uma referência feminista não a conheço como autora de ficção científica como vi referido num sítio qualquer.
Agora recebeu o Prémio Nobel da Literatura. Merece!

outubro 11, 2007

O que será um acordo institucional entre duas pessoas do mesmo partido?

outubro 09, 2007

Euler

Faz este ano 300 anos que nasceu Euler, na Suiça. As suas habilidades para a Matemática manifestaram-se cedo. Aos treze anos estava inscrito na Universidade de Basileia onde, entre outras disciplinas, estudava Matemática. Aí foi aluno de Johann Bernoulli que se referia a ele como "o príncipe dos matemáticos". Foi um dos mais produtivos matemáticos do século XVIII, estando ainda parte da sua obra por publicar.

Imensas coisas de que já ouvimos falar, ou estudámos, devem-se a Euler,como por exemplo:

  • O problema de Basileia ( tem esse nome por ser a terra de Euler) referente à soma de um número infinito de parcelas:1+1/4+1/9+1/16+1/25+...(pasmem!)=Π^2/6.
  • Resolveu ainda o problema das 7 pontes de Königsberg que deu origem à teoria dos Grafos.
  • Muitas notações usadas : 0 número e, o número pi, o fi
  • A fórmula V+F =A+2 que relaciona os vértices, arestas e faces de um poliedro convexo.
  • A recta de Euler onde num triângulo estão situados os três pontos - baricentro, ortocentro e circuncentro.
  • Dedicou-se ao estudo dos quadrados latinos em que se baseia o jogo Sudoku.
  • A fórmula
que há quem diz ser a fórmula mais bela de todos os tempos pois relaciona cinco constantes. O número e de um certo limite notável. A unidade imaginária i .O número pi, a razão entre o perímetro e o diâmetro de uma circunferência. O número 1 e o zero.
Como é que realidades tão diferentes e originadas em diversos campos da Matemática acabam por estar relacionadas!
Em 1766 fica quase cego mas não pára, ditando os textos aos seus colaboradores.
Em 1783 "cessou de calcular e de viver".






outubro 08, 2007

Gorz e Dorine em 1947


Há umas semanas André Gorz e a mulher suicidaram-se.Ela tinha uma doença incurável. O último livro dele "Carta a D.Uma história de amor" vai ser em breve publicado em português. Foi um filósofo que influenciou muita gente.Entre a sua posição quanto ao amor e a de Sartre poderá haver muitas variantes mas alinho-me mais pela de Sartre e Beauvoir: a experiência da abertura, a fidelidade ao pacto de projecto de vida e o dizer das outras relações amorosas autorizadas sem trair a relação fundamental (Bem sei quão difícil é).Em Gorz e Dorine o mesmo pacto existe mas de comprometimento exclusivo, corpo e alma. A fidelidade é não te faço o que não gostaria que me fizesses.



Excerto de "Lettre à D. Une histoire d'amour":

"Tu acabas de fazer oitenta e dois anos.És sempre bela, graciosa e desejável. Faz cinquenta e oito anos que vivemos juntos e amo-te mais do que nunca. Recentemente apaixonei-me mais uma vez por ti e trago de novo em mim um vazio devorador que não acaba senão com o teu corpo apertado contra o meu".


Sem ela a vida não fazia sentido. Quando puder vou ler este livro.Deve ser belo e comovente.

outubro 03, 2007



Ultimamente tenho encontrado em vários locais referências a Galois. A última foi num dos episódios de Numb3ers. O mentor do herói matemático da série, a certa altura, questiona-o sobre as suas opções de trabalho - a ajuda à polícia - com prejuízo do seus projectos académicos. Diz-lhe qualquer coisa do tipo: és jovem, brilhante. Lembra-te de Galois que também era um jovem matemático promissor e que deitou tudo a perder com a política e o amor, morrendo aos vinte anos num duelo. Quero que penses no modo como gastas o tempo que tens. Claro que estes ajuizados conselhos caem sempre em saco roto.

Evariste Galois(1811-1832) era françês e foi educado pela mãe em casa até aos 12 anos. O pai dedicava-se à política. Era muito precoce e deixou uma obra extraordinária. No entanto,as suas ideias revolucionárias eram mal recebidas pelos professores que não as compreendiam. Fez duas tentativas para entrar na École Polytechnique tendo sido recusado. Com o suícidio do pai,por motivos políticos, torna-se um defensor das ideias republicanas.Foi expulso da Ecole Normal Supérieur por escrever um artigo contra o director, foi preso por criticar o rei. Em 1832 conhece uma mulher por quem se apaixona mas que já estava comprometida. O rival desafia Galois para um duelo de que resulta a sua morte. Antes, pressentindo o fim escreve um testamento ao matemático Chevalier no qual lhe revela e tenta explicar as suas ideias sobre resolução de equações e teoria de grupos, que termina com a frase:"não tenho tempo".