janeiro 31, 2007

Uma lição de economia

-Filha, isto não pode ser assim! Primeiro quis prolongamento, depois inglês, agora quer computadores! Não sei se podemos. - dizia a mãe, mais para quem passava do que para a sua filha de quatro anos. Tem que se decidir, não pode ter tudo. Temos de fazer contas. Depois começou a fazer uns cálculos mentais com euros para cima e para baixo, que é como quem diz em adições e subtracções que devem ter baralhado a pobre criança, mas que a deixaram feliz porque a conclusão foi: Está com sorte porque até compensa ter mais uma hora de tempos livres.
Ainda bem que vivemos numa sociedade onde há oferta e liberdade de escolher. Só que é preciso também ter rendimentos para usufruir desses direitos.

janeiro 28, 2007

Sophie Germain




Sophie nasceu numa época de revoluções. No ano do seu nascimento começou a Revolução Americana. Treze anos mais tarde começou a Revolução Francesa.Foi nessa altura que começou a interessar-se por Matemática, pois devido ao perigo nas ruas de Paris não podia sair de casa. Passava então o tempo na biblioteca do pai onde leu a história da morte de Arquimedes. Conta a lenda que Arquimedes foi morto enquanto desenhava na areia uma figura geométrica que estava a estudar, indiferente ao soldado que o interpelava. Sophie pensou que, se alguém conseguia estar tão envolvido num problema que nem se apercebia da morte que se aproximava, então esse assunto devia ser muito fascinante! Começou a estudar sozinha usando os livros do pai, à noite quando todos dormiam, às escondidas, pois os pais não achavam próprio de uma rapariga esse interesse.Finalmente concluíram que a sua paixão pela matemática era "incurável" e deixaram-na em paz. A sua vida é um exemplo de perseverança e de trabalho. Levou tempo até ser reconhecida e apreciada pelo seu trabalho na teoria dos números e na física matemática,pelo facto de ser mulher. Apresentava os seus trabalhos sob o pseudónimo de M. LeBlanc a Lagrange que ficou muito impressionado e quis encontrar-se com o estudante. Ficou divertido quando viu que o autor do trabalho era uma mulher, e tornou-se o seu mentor. Com um homem a apresentá-la, Sophie entrou então no círculo de matemáticos e cientistas. Em 1804 começou a corresponder-se com o matemático Gauss que ficou emocionado ao descobrir quem era o correspondente. Sophie Germain foi uma revolucionária que lutou contra os preconceitos e a ausência de educação formal conseguindo tornar-se uma celebrada matemática.

janeiro 25, 2007

Vamos todas...

Que dizer do abominável J. César das Neves?É de mais. Acho que ele se se diverte com o que diz e com as reacções que espera encontrar.

janeiro 22, 2007

Coisas da genética

Há pouco mais de meio século ( que assustador! ) deslocou-se a minha mãe do alto do Alentejo para o centro, a casa dos meus avós para, assistida por uma "curiosa" e ajudada pelas mulheres da família eu vir a este mundo. Dos factos não reza a história, que é como quem diz :não há registos fotográficos da ocorrência. Mas até sou capaz de imaginar a cena como se tivesse conservado na memória a ansiedade e azáfama de panos quentes ,bacias de água a ferver da cozinha para o quarto onde a jovem mãe gemia.Muito diferente dos meus partos: sózinha entre gente estranha num quarto super aquecido de hospital desinfectado, ouvindo os gritos de outras - enfim, uma espécie de filme de terror. Sei que a seguir me enfaixaram para que o meu umbigo fosse digno de ser olhado, coisa que faço muita vez.
A minha primeira foto foi tirada com uns quatro meses - as classes baixas não tinham kodakas - e estou ladeada pelos meus pais que me sorriem embevecidos. Só o devem ter feito enquanto era analfabeta porque não me lembro de outra cena como essa. Claro que me amavam, como se costuma dizer, à sua maneira, seca e sem demonstrações. Herdei essa característica de amar, só sou efusiva quando estou apaixonada,o que feliz ou infelizmente não pode ser um estado permanente. Mas é verdade, o que tem de ser tem muita força - é difícil contrariar as heranças genéticas. Pelo menos assim me justifico quando criticam alguns dos meus comportamentos.

janeiro 19, 2007

Varredores

de Carlos Prado (1908-1992)
Varredores (1935)
Tenho observado os empregados da Câmara que varrem a minha rua. E o seu procedimento surpreende-me. Começam por varrer fazendo vários montes de lixo ao longo da rua. Pensava eu que a seguir iriam apanhar o monte para o carrinho. Tal não acontece, verifico, ao fim do dia que o monte continua no mesmo sítio e, pior, está desfeito e espalhado.Pior ainda se chover. Até pensei mandar um e-mail para a Câmara a protestar contra esta actuação . Observei agora, por acaso, que noutras ruas por onde passo acontece o mesmo. Ainda na terça-feira no jardim do Príncipe Real vi uma rapariga a fazer os montes, na quarta passei lá e os montes estavam espalhados. Em conversa com outras pessoas constantámos que acontece o mesmo nas suas zonas. Conclusão estamos perante uma técnica nova de varrer para a qual são precisos dois técnicos especializados: um para juntar o lixo e outro para o fazer desaparecer. Para a segunda tarefa ainda a Câmara não dispõe do pessoal competente.

janeiro 16, 2007

Escrever sobre o amor

Há investigadores para tudo e mais alguma coisa com mais ou menos cientificidade. Dois investigadores da Universidade de Texas recrutaram oitenta e seis estudantes comprometidos numa relação amorosa. A metade deles pediram que, durante três dias seguidos passassem vinte minutos por dia a escrever sobre " a profundidade do seu sentimento para com a pessoa amada". À outra metade foi pedido que, nas mesmas circunstâncias escrevessem um relato das suas actividades quotidianas. Três meses mais tarde, 77% dos estudantes que tinham escrito sobre as suas emoções amorosas estavam ainda com o mesmo par contra 52% dos estudantes do outro grupo. Conclusão dos autores: " A escrita é um meio para melhor sentir e aprofundar os próprios sentimentos".
A investigação vem relatada em Psychological Science,vol.XVII,nº8, agosto2006:"How do I love thee?Let me count the words: The social effects of expressive writing" de Slattcher e Pennebaker.
Mas porque será que ,no meu caso, quando escrevo sobre os meus sentimentos isso é sinal de que as coisas vão acabar?

janeiro 11, 2007

Fargo

Não sei se posso dizer que, como dizem algumas pessoas: é um dos filmes da minha vida. Mas é mesmo daqueles filmes que vejo muitas vezes e onde descubro sempre qualquer coisa de novo. É divertido e inesperado. A imagem de Frances Mcdormand, calma e quente como se ainda estivesse na cama, com ar simples , grávida , cheia de roupa a investigar um crime numa paisagem deserta e branca é inesquecível. É dos irmãos Coen. Há quem goste e quem deteste. Eu gosto.É a história de um rapto que vai correr mal e sente-se isso logo no início. Um homem contrata outros dois para lhe raptarem a mulher e assim pedir o resgate ao sovina do sogro. Nada vai correr como planeado, quem tem má sorte é assim e , um simples rapto vai descontrolamente originar várias mortes que a chefe da polícia com o seu ar cândido e a sua lógica implacável adivinha. E tudo volta ao normal.

janeiro 02, 2007

Numb3rs

Um professor de matemática da universidade de Northeastern criou um blogue sobre a série de televisão Numb3rs onde comenta os aspectos matemáticos que são apresentados em cada episódio, a sua verosimilhança ou falta dela, criticando uns aspectos, desenvolvendo outros. Nunca vi essa série porque passa tarde na TVI e eu sou uma rapariga de "deitar cedo e cedo erguer", mas fiquei curiosa.Por exemplo,terá havido um episódio sobre o Dilema do prisioneiro embora não correctamente apresentado,segundo o professor, um problema curioso que está na base do ponto de equilíbrio de Nash, o tal matemático esquizofrénico sobre quem se fez um filme, e que ganhou o Nobel da Economia em 1994, com a sua teoria dos jogos.