janeiro 22, 2007

Coisas da genética

Há pouco mais de meio século ( que assustador! ) deslocou-se a minha mãe do alto do Alentejo para o centro, a casa dos meus avós para, assistida por uma "curiosa" e ajudada pelas mulheres da família eu vir a este mundo. Dos factos não reza a história, que é como quem diz :não há registos fotográficos da ocorrência. Mas até sou capaz de imaginar a cena como se tivesse conservado na memória a ansiedade e azáfama de panos quentes ,bacias de água a ferver da cozinha para o quarto onde a jovem mãe gemia.Muito diferente dos meus partos: sózinha entre gente estranha num quarto super aquecido de hospital desinfectado, ouvindo os gritos de outras - enfim, uma espécie de filme de terror. Sei que a seguir me enfaixaram para que o meu umbigo fosse digno de ser olhado, coisa que faço muita vez.
A minha primeira foto foi tirada com uns quatro meses - as classes baixas não tinham kodakas - e estou ladeada pelos meus pais que me sorriem embevecidos. Só o devem ter feito enquanto era analfabeta porque não me lembro de outra cena como essa. Claro que me amavam, como se costuma dizer, à sua maneira, seca e sem demonstrações. Herdei essa característica de amar, só sou efusiva quando estou apaixonada,o que feliz ou infelizmente não pode ser um estado permanente. Mas é verdade, o que tem de ser tem muita força - é difícil contrariar as heranças genéticas. Pelo menos assim me justifico quando criticam alguns dos meus comportamentos.

3 comentários:

Ana Ramon disse...

Já comecei este comentário umas 3 vezes. Não consigo comentar o teu post sem falar das parecenças com a minha infância. Depois penso que isso não te vai interessar nada e apago o que escrevi.
O que queria realmente dizer é que nem tudo é genético. Por vezes tem mais a ver com a aprendizagem. Mas o ser humano é tão complicado que até se consegue "auto-corrigir". Pelo que dizes, há determinados momentos em que notas que ficas mais doce e com uma grande dádiva. E isso não é uma maravilha? :)))))
Um beijinho grande

maria disse...

Eu estava um pouco a ironizar.Nunca acreditei muito no determinismo da genética,acredito que uma pessoa consciente e inteligente o consegue. Mas é engraçado como acabamos por repetir coisas que conhecemos nos nossos pais e que condenámos...mesmo com a consci~encia de que o estamos a fazer.
E acho interessante o que tu escreves.

maria disse...

...uma pessoa consegue contornar esse determinismo genético era o que eu queria dizer, não me expliquei bem.