janeiro 16, 2007

Escrever sobre o amor

Há investigadores para tudo e mais alguma coisa com mais ou menos cientificidade. Dois investigadores da Universidade de Texas recrutaram oitenta e seis estudantes comprometidos numa relação amorosa. A metade deles pediram que, durante três dias seguidos passassem vinte minutos por dia a escrever sobre " a profundidade do seu sentimento para com a pessoa amada". À outra metade foi pedido que, nas mesmas circunstâncias escrevessem um relato das suas actividades quotidianas. Três meses mais tarde, 77% dos estudantes que tinham escrito sobre as suas emoções amorosas estavam ainda com o mesmo par contra 52% dos estudantes do outro grupo. Conclusão dos autores: " A escrita é um meio para melhor sentir e aprofundar os próprios sentimentos".
A investigação vem relatada em Psychological Science,vol.XVII,nº8, agosto2006:"How do I love thee?Let me count the words: The social effects of expressive writing" de Slattcher e Pennebaker.
Mas porque será que ,no meu caso, quando escrevo sobre os meus sentimentos isso é sinal de que as coisas vão acabar?

7 comentários:

Ana Ramon disse...

Fizeste-me sorrir com o teu texto. Já reparaste que não contradizes a conclusão anterior? Escreves sobre o sentimento, aprofundas e acabas por achar que não vale a pena prosseguir. O aprofundar do sentimento não quer dizer obrigatoriamente que mantém a relação, muitas vezes acontece precisamente o contrário. Mas tenho muitas dúvidas se foi o simples acto da escrita que manteve alguns casais unidos...

maria disse...

Pois também tenho dúvidas...

R.O. disse...

Porque será? Então pois! Em primeiro lugar a coboiado do Texas não percebe nada, nadinha, de relações amorosas, que para isso temos os sábios europeus que desde os gregos, com o Platão (o tal dos amores platónicos), passando pelo nosso portuguesíssimo Camões (que tanto apregoou "o fogo que arde sem se ver") e pelo nosso alemãosíssimo Goethe (de amores tempestuosos e ruínas bucólicas), e por tantos outros com uma história inteira de reflexão e escrita sobre o amor.
Em segundo lugar, tu deves ser pessoa para desabafar as mágoas na escrita... pois minha amiga, como diria o outro, põe-te a escrever em números redondos sobre o céu azul, flores, borboletas e passarinhos: verás que se te abrem horizontes românticos, verás um mundo cor-de-rosa de príncipes encantados e infinitas possibilidades.
E pronto, desculpa lá o arrazoado que já passa das seis horas vivas da manhã.
Abraçoa
> Roteia Madrugador

R.O. disse...

Não é abraçoa (nem abraço-a), era mesmo abraços.

maria disse...

R madrugador fizes-te-me mesmo rir principalmente pelas explicações finais. Mas eu não quero amor com passarinhos e borboletas nem sei escrever sobre isso não sou da linha platónica-bucólica.

Manuel Anastácio disse...

Escrever implica reflectir - e muitas relações sucumbem perante a fácil tentação egoísta de não reflectir e agir de acordo, apenas, com o instinto. As relações amorosas tornam-se mais perenes se se basearem em mútua e continuada reflexão. A escrita é apenas um pretexto.

Manuel Anastácio

P.S: Olha lá: não dava para aceitares comentários de pessoas que não estão cadastradas no Blogger? - é que, assim, tive de fazer uma conta fictícia...

maria disse...

Manuel, eu percebo pouco de alterações de tecnologias: aceito o que o google me dá. Se eles pedem a conta o que fazer? Quanto menos mexer nisto melhor, mas vou investigar. Quanto à reflexão no amor... não sei...a reflexão implica introduzir alguma racionalidade e parece-me haver uma certa incompatibilidade entre o amor e a razão. Lá dizia o filósofo que" o coração tem razões que a razão desconhece".