Parece que caminhamos para o Natal, sem muita convicção.

As reuniões estão prestes a acabar, os intermináveis relatos de conflitos familiares, divórcios violentos, relatórios psicológicos também.Cada vez tenho menos paciência para estas reuniões de avaliação em que cada professor se vê na obrigação de tecer considerações de natureza psicológico-interpretativa dos comportamentos e dos insucessos dos alunos.

Não sabe porque...

Ainda há finais felizes

Aminatou Haidar regressou a casa, no Sahara Ocidental, depois de uma luta desde 14 de Novembro e uma greve de fome de 32 dias.

Morreu Paul Samuelson

(1915-2009)

Quando eu andava no liceu gostava de Matemática, História, Geografia, Ciências, Química, enfim se tivesse que escolher que via seguir talvez fosse um problema. Mas lá em casa lia-se o Diário de Notícias que tinha talvez uma página ou suplemento semanal enorme de Economia, já não me lembro bem. Sei que lia aqueles artigos, julgo que a maior parte das vezes eu não percebia nada, mas descobri que era daquilo que gostava: queria estudar Economia. E foi o que fiz. Mas acabei professora de Matemática depois de onze anos a fingir que era economista. Para tudo é preciso trabalho mas a sorte e as oportunidades ajudam muito.

Isto tudo porque a morte do Samuelson, autor da nossa quase bíblia, me fez lembrar coisas do passado. Tinha 94 anos e ainda dava aulas no MIT, recebeu o Nobel em 1970 e oito dos seus alunos também o foram recebendo noutros momentos. Era brilhante.

A evolução já não é o que era

Foi assim que aprendemos na escola. O homem depois do macaco, depois de atingir a situação de apoiado nos dois pés. Aprendemos que esse facto definia a humanidade: a verticalidade implicava os braços livres para a criação de objectos, a cabeça em frente facilitava a linguagem e o aumento do volume cerebral. Afinal os que andam com as  quatro patas são uma especialização tardia do bipedismo. O macaco é que descende do homem.

Daqui a dizer-se que o homem já foi criado tal como é, sem evolução, deve estar apenas um pequeno passo, que já foi dado mas agora poderão dizer que têm provas. Isto a propósito da descoberta de Ardi, um vertebrado feminino com sete milhões de anos. O fóssil foi descoberto há dezassete anos na Etiópia, estudado durante estes anos, e saíu em Outubro na Science um estudo que a apresenta como  a nossa mais antiga antepassada, mais velha que a Lucy,bípede, pondo em causa o que era quase certo.

1815-1852

Tenho verificado que muita gente visita um post meu sobre a Sophie Germain. Prometo que vou recolher mais informação.
Mas entretanto, lembrei-me de outra matemática fabulosa: Ada Lovelace ou Ada Byron, filha do poeta Lord Byron. Ada nunca conheceu o pai, pois ele deixou a mãe e foi viver para França antes dela nascer.Foi educada pela mãe e a sua vida foi uma luta constante entre a emoção e a razão, subjectivismo e objectividade, poesia e matemática , fraqueza e energia. A mãe não queria que ela fosse como o pai e pensou que a matemática e a música seriam as disciplinas adequadas para combater essas perigosas tendências poéticas.

Mas foi a Matemática que deu asas à sua vida, em 1828 construíu uma máquina voadora.Ada conheceu Babbage em 1833 com 17 anos e começou a corresponder-se com ele. Babbage era o que, na época, se considerava um cientista e tinha inventado e construído uma máquina de calcular,a Difference Engine que não tinha sido bem sucedida, nem acabada. Ada vai trabalhar com ele na segunda tentativa,a Analytical Engine  mas não têm patrocinadores face ao anterior insucesso. Penso que colocou a sua fortuna pessoal ao serviço desse projecto.É considerada a mãe dos computadores, a primeira programadora.A linguagem ADA é uma homenagem que lhe foi feita pelos Estados Unidos.

O nome de Lovelace vem do casamento com o conde com quem teve três filhos.Morreu nova de cancro, com 37 anos, em 1852 .

O dia 24 de Março é o dia de Ada Lovelace.O objectivo deste dia é celebrar as mulheres que se dedicam à Tecnologia. Para comemorar a data foi pedido a um desenhador a história de Ada e da sua paixão pelas máquinas. Podem consultar esse trabalho aqui.