setembro 28, 2006

Brincos de princesa




Gosto de flores e árvores, mais do que de animais - não fazem barulho e são seres extraordinários na forma com evoluiram. Infelizmente quase nunca lhes conheço os nomes,o vulgar e, muito menos, o científico.
Por acaso deste lembro-me - brincos de princesa. Por que se chamam assim não sei, mas quando era pequena enfeitava-me com elas, as que caíam claro,pois eu não fazia mal a uma flor. Estou agora a lembrar-me de uma cena este verão em Belém. Uma rapariga cigana estava deliciada a arrancar umas esplendorosas flores brancas que desfazia e deitava para o chão. Inocente, comentei-lhe a inutilidade do seu gesto. Tive que me calar e afastar porque ela respondeu-me com um chorrilho de palavrões a que se juntou a presença ameaçadora das mulheres da família. Custa muito lutar pela defesa do ambiente...

setembro 27, 2006

Em Portalegre...




O emportalegrecidade acabou. Fiquei com pena.Era um blog de portalegrenses onde se levantavam questões sobre a cidade. Espero que a decisão não seja irreversível.
Fica aqui esta foto sua com as minhas saudações.

setembro 26, 2006

Manhã




Todas as manhãs vou a pé para a escola. Gosto de andar e faz bem.
Atravesso o Jardim da Estrela. Durante uns minutos uma certa calma húmida "campestre" urbanizada faz-me esquecer que em breve estarei na barulhenta Álvares cabral que percorro quase indiferente ao trânsito.Todos os dias descubro novas espécies vegetais que não tinha notado na véspera. Encontro poucas pessoas- alguns estudantes, pais ou avós que levam as crianças à escola,alguns desportistas fazendo jogging. A calma no jardim só é perturbada pela abordagem de alguns casais, não necessariamente de sexo diferente, muito preocupados com a salvação da minha alma, mas a quem eu não dou o gosto nem sequer da entrega do folheto redentor.
E quando chego à escola alguns maus humores matinais já se dissiparam. A vida parece simples.

setembro 18, 2006

A raptada

Raptada aos dez anos e mantida prisioneira durante oito, até ao momento da fuga - eis uma história digna de Ruth Rendell ou Patrícia Highsmith. Só que a realidade ultrapassa muitas vezes a ficção.Tentei não ir na onda e não ver a entrevista que deu à televisão, mas num dia qualquer fui apanhada. A menina apresentou-se como alguém formatado a ver televião durante anos e formatada para ser vista na televisão pela sua equipa de media. É espantoso, mas inevitável, que lhe iriam deitar a mão: contar a história,dissecar o seu quotidiano, fazer dinheiro à sua custa. Mas será que depois de tudo o que passou esta é a solução? Foi esta a escolha? De quem? Fico um pouco angustiada quando penso em tudo isto.

setembro 13, 2006

Ai os ódios

Confesso que já estava a ficar admirada que os suspeitos do costume não estivessem delitantes com a última prosa do MST no Expresso de sábado.Pode ser lido aqui.
Não há dúvida que o amor e o ódio dão cegueira. O referido sr. jornalista que se pretende tão íntegro e lógico nos seus comentários, tem um tal ódio aos professores, coitado, teve experiências traumatizantes ao longo da vida, que, acaba por dizer disparates e fazer afirmações pouco científicas. Pode ter razão no que diz sobre os sindicatos, mas só vê aquilo que quer ver: para ele os professores são um lobby a abater a qualquer preço. Porque não despe os sectarismos da sua arguta inteligência e analisa friamente as actuações e produções do ME? Aconselho-o a pôr de parte as suas ideias de que os professores não prestam, não querem fazer nada e querem progredir na carreira sem provas, pense num modelo de professor ideal (para si) e a seguir faça então a sua análise e veja que consequências resultariam para o professor e para os alunos.

setembro 08, 2006

O ECD

Estive a ler a entrevista dada ao Público de dia 5 por Jorge Pedreira. Ainda não estou com forças para ler a segunda versão da proposta do ME, na íntegra. Fiquei a saber, se a proposta passar - e onde está a mobilização para o impedir? - que, serei professora titular equiparada ( para efeitos de remuneração) possivelmente no fim de 2009. Aí vai uma penalização de dois aninhos.
Depois, se eu quiser ter as funções e as graças pertencentes ao professor titular vou ter que fazer uma prova onde "segundo um critério extremamente apertado e rigoroso, os docentes poderão, através de uma avaliação curricular, aceder" à dita categoria. Mas, atenção que se não houver vaga, nada feito... Na minha escola, dos velhos eu sou a única que não está no 10º escalão. Não me parece que alguém esteja interessado em concorrer para se integrar plenamente na carreira de titular, pois se ficam em termos de remuneração equiparados...para quê chatices? Há masoquistas por aí?
Outra aberração é a prova para iniciar a carreira. Então os jovens acabadinhos de sair da escola, cheios de exames e estágios vão ter que fazer uma prova escrita para mostrar que podem ser professores? O ME não acredita na formação que ele próprio define ou é uma medida para diminuir a entrada de novos elementos no ensino - se é assim porque não controlam nas ESES e nas Universidades o número de vagas? E as escolas privadas de formação de professores quem as controla?
Já estou a ficar cansada com tanto esforço intelectual provocado pelo stress de questões a que não sei responder e logo no começo do ano. Mas tenho um ano pela frente para encontrar respostas, não podem é ficar só aqui.

setembro 07, 2006

Mais M



Se alguma coisa posso ter em comum com Marilyn, além de ser mulher, é nunca ter ido a Paris. Tenho uma vantagem sobre ela: ainda estou viva, posso ir a Paris. Mas ela está lá agora como eu nunca estarei e,é quase como se estivesse viva. Pelo menos é essa a opinião do director do museu Maillol a propósito da exposição de 59 fotos de Bert Stern,tiradas em 1962, pouco antes da sua morte.

setembro 06, 2006

De novo



Praia de banhos - João Marques de Oliveira (1853-1927)

Ainda mal regressei. Sinto-me dentro de outra rotina que aos poucos vai ficando esquecida: a areia, quase sempre molhada, o mar, o sol, as pessoas que não conheço e que provavelmente nunca voltarei a ver que passeiam à beira-mar, jogam ou simplesmente olham para os outros.
Voltemos então ao ponto em que ficámos, foi apenas uma pausa.