Na Pública de domingo passado vem uma entrevista de Nuno Crato, o presidente da Sociedade Portuguesa de Matemática, claro, sobre o ensino e as últimas da ministra. Destaco o seguinte extracto: (...) Ora a avaliação é necessária. Mas quem escreveu o novo estatuto da carreira docente conseguiu introduzir um artigo que liquida toda a capacidade de avaliação dos professores. Trata-se do artigo sobre o conteúdo funcional da docência(36º-2), aquele que estipula quais são as funções dos professores. E as funções dos professores deixaram de ser ensinar. Aparece ali listado um número inacreditável delas:os professores aparecem transformados em animadores culturais, em mediadores entre a família e a escola, etc;e a sua função primeira não é ensinar, mas sim criar "situações de aprendizagem". Aliás,curiosamente, a palavra "ensinar" não aparece uma única vez no documento, que tem 55 páginas. Não é isto sintomático?
Na verdade, liquidou-se de vez qualquer capacidade de avaliação dos professores. Vai-se avaliar o quê? Se o professor criou situações de aprendizagem? Se o professor se relaciona bem com as famílias? Se relaciona bem com os colegas? É isso que vamos avaliar?
Acho que vale a pena ler o artigo todo.
3 comentários:
A minha mãe é professora e, como tal, toda a vida convivi com professores.
Custa-me ver o caminho que isto leva.
Considero-me uma pessoa informada e bem formada, mas se tivesse filhos não me sentiria capaz de avaliar um professor. Quanto mais se não for suposto avaliá-los por aquilo que deve ser a sua primeira função: ensinar.
É um facto que não há nada que se faça que não seja sujeito a uma avaliação e concerteza que os pais através dos filhos poderão ter uma opinião sempre condicionada, porque sabemos, até porque já os fizemos, os comentários que as crianças fazem. Lembro-me que quando os meus filhos fazim observações sobre os professores, tentava sempre nunca alimentar polémicas e nunca tirar a autoridade ao professor. Poderia depois ir à escola ver o que se passava. Nem todos os pais são assim. Não estou a ver que avaliação é que é possível os pais fazerem e que fique registada. Mas a nossa ministra é capaz de estar iluminada.
É isso mesmo, concordo com a gorduchita: a principal função do professor é ensinar, transmitir conhecimentos. Espero sinceramente que os sindicatos e outros que debatem presentemente o estatuto não deixem de ter presente este problema. O maior de todos na minha opinião.
É muito grave, aquilo que Nuno Crato descreve.
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