março 05, 2006

Populismos

Na minha casa a oferta de leitura é incrivelmente superior às minhas necessidades e à minha capacidade de consumo. Assim há coisas que nunca chego a ler,ou leio muito tarde. Por exemplo, ontem, ao fazer mais uma vez umas escolhas para a reciclagem, encontrei uma Veja de 29 de Setembro de 2004. Tinha um artigo curioso de André Petry, intitulado: "Deus, maconha e gays". A barafunda do título é, segundo o autor, uma obra do ex-governador Anthony Garotinho. Assim ao discursar contra um seu adversário político candidato do PT à perfeitura de Nova Iguaçu, no Rio de Janeiro, disse:"Eu nem gosto de comentar essas coisas mas vocês deviam saber. Esse rapaz defende a legalização da maconha e o casamento de pessoas do mesmo sexo. E isso não é coisa que cristão apóie". Pretendendo ganhar eleições confundindo conceitos e difundindo preconceitos. Segundo Petry, ao produzir a confusão de conceitos - primeiro misturando sexo com drogas, e depois misturando política, que é um assunto universal e público, com religião, que é um tema da esfera individual e privada -, Garotinho migra directamente para a outra muleta da sua plataforma: a difusão do preconceito contra os homossexuais, aparentemente considerados aí uma categoria de seres humanos depravadamente anticritãos. De acordo com uma pesquisa na Universidade do Estado do Rio de Janeiro, ouvidos mais de 4600 jovens entre os 18 e os 24 anos,em três capitais, os resultados mostram que os homens são muito intolerantes em relação à homossexualidade masculina. 49% acham que os gays ou são "doentes" ou "não têm vergonha".É um sinal eloquente de que falta informação e sobra preconceito, conclue Petry.
Desconheço se o referido Garotinho ganhou essas eleições.

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