março 09, 2011



Não há como a ficção cientifíca para esquecer preocupações elementares e ir para outro "universo" de preocupações.
Acabei agora de ler o Solaris de Stanislaw Lem. Já vi o filme há muito tempo. Vi agora que já há duas versões uma de 72 (russa) e uma de 2002 (americana). Só me lembrava de um pormenor -crucial aliás - do filme, a sola dos pés das aparições. No livro, como acontece muita vez, a sequência lógica e cronológica não é a mesma. Solaris é um planeta coberto por um estranho oceano. Durante décadas os cientistas elaboraram teorias sobre ele, se teria alguma forma de vida, se seria possível o contacto. A história conta a ida de um investigador para a estação em Solaris onde já estão três cientistas.E é uma parábola -como muitos livros do género -sobre a ciência e os seus propósitos, sobre o conhecimento ou desconhecimento que temos de nós próprios. O herói posto em contacto com a nova e estranha realidade vai aprender algo sobre si próprio as suas limitações, vai reflectir sobre a visão antropocêntrica da ciência e as suas impossibilidades de interpretação de todo o universo.O oceano capta do cérebro humano um trauma,uma culpa, escondida e, faz uma réplica quase perfeita dessa imagem. Para o herói é a sua mulher que se suicidou há anos e face ao seu "regresso" vai passar por várias fases de rejeição, destruição, aceitação do impossível. Chega à conclusão de que  haveria  como que um deus imperfeito cujas ambições excedem os seus poderes, um deus que"não serve nenhum propósito...um deus que se limita a ser".

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