Virgílio Ferreira

Ainda ando às voltas com a Conta-Corrente 2 não por ser desinteressante mas porque tenho feito outras coisas. Entre elas tenho aturado a minha constipação com uma tosse irritante que até já me levou ao médico, tratado das minhas aulas e outros assuntos triviais.

Soube que o Vergílio Ferreira saíu do programa de Português do Secundário porque é triste, só fala em morte e em envelhecer e os jovens precisam de coisas alegres.

Será mesmo?

Desde 1981 que o 25 de Novembro é o Dia internacional para a eliminação da violência contra as mulheres.

Parece que faz sentido ainda haver essa data pois, por exemplo, em França em cada quatro dias uma mulher morre vítima de violência do companheiro. Em Portugal segundo dados da imprensa este ano já morreram 26 mulheres e o total de tentativas de homicídio chega a 42 casos.

A primeira causa de morte e invalidez das mulheres entre os 16 e os 44 anos, pasme-se! é a violência doméstica, um problema que não escolhe classes, nem culturas. mais

A luta incide no quebrar o silêncio não só da sociedades mas das próprias vítimas que, por razões óbvias e outras menos, se calam.

Há vinte anos caíu o Muro, que era chamado "da vergonha".
Ontem simbolicamente foi festejada a queda.

O primeiro doutrinador a preocupar-se com os pobres foi Cristo; o segundo foi Marx. Cristo prometia o céu, onde cabe toda a gente; Marx prometeu a terra, onde não cabem todos. Por isso o banqueiro começou a ir à missa e os comunistas inventaram os funcionários do Partido. ( Vergílio Ferreira )

Ando a ler (reler?) a "conta-corrente" 2 do Vergílio Ferreira.Porque li umas referências num artigo da Helena Matos e fiquei com curiosidade. Nunca fui muito dada à leitura de diários ,mas acho que tenho sido estúpida. É interessante e ficamos com uma diferente impressão de nós, para melhor ou para pior.

Nesta altura, VF preocupa-se com a idade e com a morte, por exemplo. Também penso às vezes na idade e em ser professora "de idade". Transcrevo estes parágrafos:

E uma vez mais eu reflecti que entre os requisitos que um jovem exige de um professor não está só o saber e o ser justo: está ainda a qualidade fundamental de não estar muito usado.Não se trata apenas de não parecer velho: trata-se de o não ser. O parecê-lo sem o ser não é grande inconveniente. O inconveniente começa quando o professor não é já viável no seu círculo de relações.

Não percebo o que ele quer dizer com o último parágrafo.
Hoje em dia não parecemos tão velhos quanto somos mas a idade também deixou de ter aquele significado louvável de saber acumulado, assim é difícil sentirmo-nos totalmente bem num mundo que glorifica o novo.