outubro 05, 2009



Acabei agora de ler um daqueles livros que já estavam há anos na estante, a viver comigo, à espera do seu momento. Não será uma preciosa obra literária mas é um documento bastante interessante e cruel sobre a China: "Os cisnes selvagens - Três filhas da China" de Jung Chang. É o relato das condições de vida de três gerações de mulheres de 1909 a 1978, antes e durante o Comunismo, até à queda de Mao. Ajuda a perceber como é possível que coisas tão terríveis tenham acontecido e o papel da ignorância das pessoas no endeusamento de Mao.Vê-se o que foi a chamada Revolução Cultural, algo completamente inimaginável por uma pessoa sã de espírito. Muito sofrimento por ali.


5 comentários:

Pinto de Sá disse...

Apesar de tudo, o facto é que foi graças à revolução maoísta que a mulher chinesa, "a outra metade do céu", atingiu a igualdade de que hoje goza por lá.
Se virmos a condição que a mulher lá tinha antes, à escala de tempo da História da China, os abusos e os crimes da Revolução Cultural foram detalhes, e foram Mao e os seus seguidores que trouxeram a China para o que é hoje.
Passada a espuma da ideologia vermelha, o que ficou foi o saldo de uma Revolução muito parecida com a francesa, no fundo...

maria disse...

Sim e a autora até é muito imparcial no relato. É um facto que acabaram as concumbinas, os pés ligados, mas a história de a mulher ser a outra metade do céu era mais ou menos propaganda.E não concordo que os abusos e crimes cometidos sejam detalhes quando atingiram milhões de pessoas em tortura, morte e fome. Que depois de tudo tenham ficado aspectos positivos... Ainda há bem pouco- e nem sei se continua- os pais matavam à nascença os bebes raparigas, conclui-se que não será assim tão bom ser mulher na China.

Pinto de Sá disse...

Sim, os pais matavam as raparigas à nascença e sobretudo abandonam-nas, razão por que a "indústria de exportação" de orfãs é muito desenvolvida na China.
Mas isso pouco tem a ver com a Revolução, sendo antes um costume ancestral que resulta de, nos costumes chineses, o primogénito varão ser o único herdeiro mas ter, em contrapartida, a incumbência de sustentar os pais na velhice destes. Daí a preferência (interesseira) pelos varões...
Claro, a política do "filho único" encorajou que, a só se poder ter um filho, se preferisse que fosse um rapaz capaz de vir a sustentar os pais, e daí o assassinato das raparigas. Mas a mim parece-me muito ajuizada, essa política do filho único, num país que tem 1/5 da população mundial e claro excesso populacional.

maria disse...

Sim mas que revolução cultural é essa que não conseguiu ao fim de tantos anos combater um tal "costume ancestral"?

Pinto de Sá disse...

A revolução cultural durou meia dúzia de anos, apenas.
O que eu penso é que:
a) os progressos de modernização da mentalidade chinesa foram gigantescos, desde a REvolução, há 60 anos;
b) As mentalidades dos povos levam toda uma História a mudar. Por isso é que, por exemplo, nós portugueses somos o que somos apesar de todas as Revoluções, Europas, fundos, etc, e os alemães s os japoneses são o que são, apesar de praticamente incinerados na última Guerra Mundial...