fevereiro 20, 2007

Depois da semana pré tivemos a semana pós-referendo. Multiplicaram-se as análises explicativas dos valores do não, do sim e da abstenção. Descobriu-se a divisão do país perante esta "fracturante" questão, identificaram-se os ganhadores e os perdedores. Alguns concluiram brilhantemente que o não ganhou porque a abstenção quis dizer não e apressaram-se a somar os dois valores, outros recomendaram que a nova lei tivesse em consideração todos estes aspectos. Outros ainda - que mais podiam fazer?- agarram-se às moderníssimas leis europeias e desejam que seja instituída uma comissão de aconselhamento multidisciplinar, não é o mesmo que uma consulta, onde a mulher será dissuadida de abortar pesando os apoios que o estado lhe vai dar se desistir. E há ainda a inspirada prosa de J.C. das Neves no DN:
"O aborto a pedido e pago pelo SNS assolará sobretudo as classes mais pobres, onde a tentação será mais forte. Paradoxalmente, como noutros países, isso minará a base eleitoral dos partidos de Esquerda".
Realmente estamos no Carnaval.

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