fevereiro 25, 2007

Quem diria que o agradável cheiro da erva cortada é, na realidade, um sinal de alarme que a erva está a transmitir às companheiras . Mal é cortada começa a sintetizar ácido jasmónico - uma molécula volátil que ao ser captada pelas outras plantas implica que estas comecem a produzir alcaloides tóxicos para os animais. As plantas não têm cérebro mas conseguem comunicar umas com as outras quimicamente. Mostram capacidade de perceber o mundo, tirar dele informação, receber e transmitir sinais, tomar decisões que contribuem para a sua sobrevivência. Não é esta a definição de inteligência?

fevereiro 24, 2007

Zeca Afonso


"Eu sempre disse que a música é comprometida quando o músico, como cidadão é um homem comprometido. Não é o produto saído desse cantor que define o compromisso mas o conjunto de circunstâncias que o envolve com o momento histórico e político que se vive e as pessoas com quem ele priva e com quem ele canta."Não me arrependo de nada do que fiz. Mais: eu sou aquilo que fiz. Embora com reservas acreditava o suficiente no que estava a fazer, e isso é o que fica. Quando as pessoas param há como que um pacto implícito com o inimigo, tanto no campo político como no campo estético e cultural. E, por vezes, o inimigo somos nós próprios, a nossa própria consciência e os alibis de que nos servimos para justificar a modorra e o abandono dos campos de luta."" Admito que a revolução seja uma utopia, mas no meu dia a dia procuro comportar-me como se ela fosse tangível. Continuo a pensar que devemos lutar onde exista opressão, seja a que nível for."

fevereiro 21, 2007

Não gosto de livros de contos, excepto de fadas.Mas estou a ler um de que estou a gostar. São histórias bem bizarras. De uma americana- Flannery O'Connor (1925-1964).Um dos contos deu o título à edição da Cavalo de Ferro :Um bom homem é difícil de encontrar.Porque é que este livro me fará lembrar os quadros de Hopper?

fevereiro 20, 2007

Depois da semana pré tivemos a semana pós-referendo. Multiplicaram-se as análises explicativas dos valores do não, do sim e da abstenção. Descobriu-se a divisão do país perante esta "fracturante" questão, identificaram-se os ganhadores e os perdedores. Alguns concluiram brilhantemente que o não ganhou porque a abstenção quis dizer não e apressaram-se a somar os dois valores, outros recomendaram que a nova lei tivesse em consideração todos estes aspectos. Outros ainda - que mais podiam fazer?- agarram-se às moderníssimas leis europeias e desejam que seja instituída uma comissão de aconselhamento multidisciplinar, não é o mesmo que uma consulta, onde a mulher será dissuadida de abortar pesando os apoios que o estado lhe vai dar se desistir. E há ainda a inspirada prosa de J.C. das Neves no DN:
"O aborto a pedido e pago pelo SNS assolará sobretudo as classes mais pobres, onde a tentação será mais forte. Paradoxalmente, como noutros países, isso minará a base eleitoral dos partidos de Esquerda".
Realmente estamos no Carnaval.

fevereiro 15, 2007

É a China.

Na escola aprendem-se algumas verdades. Por exemplo:De um modo geral em qualquer país a população feminina é ligeiramente superior a 50% em períodos normais.
Há dias reparei no que se está a passar na China em termos demográficos: a fecundidade chinesa caíu de 5,7 crianças por mulher em 1970 para 1,8 hoje. Em 2030, um chinês em cada 6 terá mais de 65 anos. A população é cada vez mais masculina e as mulheres representam menos de metade da população- 49%. Esta tendência que tem vindo a manifestar-se desde há vinte anos, resulta de uma proporção anormal de rapazes à nascença e uma sobremortalidade de raparigas entre o nascimento e o primeiro ano de vida. Devido à limitação de número de filhos por casal ( um ou dois) , à preferência por filhos varões, às despesas de custo de vida e saúde - que são pagas pelos utentes - ao fraco estatuto das mulheres, os casais acabam por praticar o aborto selectivo a principal causa desta diminuição de raparigas. Por outro lado cada ano morrem 70000 a 80000 raparigas antes do primeiro aniversário, pois mais facilmente se deixa adoecer e morrer uma menina do que um rapaz.Não estão para ter despesas com quem não tem valor social.
Daqui a pouco vão ter que comprar mulheres se quiserem constituir família...

fevereiro 04, 2007

Sim

Concorda com a despenalização da interrupção voluntária da gravidez se realizada, por opção da mulher, nas primeiras dez semanas em estabelecimento de saúde legalmente autorizado?
Como diz Rui Tavares no Público de sábado é "uma pergunta directa para uma resposta honesta".