maio 21, 2006

Estudos do género


Vi um artigo no Le Monde 2 sobre o livro de Judith Butler "Défaire le genre" editado agora e fiquei interessada, já há muito tempo que não leio nada sobre feminismo, como vai a reflexão sobre o tema por esse mundo. Esta escritora reflecte, por exemplo, sobre o casamento homossexual, homoparentalidade, legalidade e minorias, ostracismo, o que poderá ser um direito tolerante - uma ética não repressiva.
Apresenta o exemplo dos nascidos "intersexuados", os hermafroditas verdadeiros. Estes casos representam, pelo menos, 1,7% dos recém-nascidos. Estes seres ( é muito 1,7 em cada 100 )muitas vezes considerados como monstros não existem na nossa sociedade pois são operados à nascença e transformados em homem ou mulher por decisão dos pais e dos médicos. Segundo Butler " um modelo de humano requer morfologias ideais, impõe restrições de normas corporais...fazem uma diferenciação entre o que é humano e o que não é, entre as vidas julgadas viváveis e as que não o são." E pergunta porque é que um hermafrodita - um ideal dos gregos antigos - não teria uma existência viável. " Os intersexuados poem radicalmente em questão o princípio que reina nas nossas sociedades segundo o qual a diferença sexual entre os géneros deve ser estabelecida ou mantida a qualquer preço". Movimentos de opinião nos Estados-Unidos pressionam para que os médicos não façam essas operações aos bebés e que os deixem na idade adulta escolher o seu género ou permanecer como são. Nunca tinha pensado nisto. E pergunto-me, achando correcta esta posição, o que teria realmente eu feito se me tivesse nascido um bebé assim.

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