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Há trinta e dois anos acordei tarde para ir trabalhar. Ainda não era professora nem sonhava vir a sê-lo. Era uma jovem trabalhadora estudante. Estranhei o facto de a rádio só dar marchas militares, mas não pensei muito no assunto. Fui de táxi. Foi aí que confirmei que algo de anormal se passava - os taxistas sabem sempre tudo. O homem aconselhou-me a não andar na rua porque tinha havia um golpe militar. Fui ao emprego e mandaram-me para casa. Comprei
o Século e lá vinha na última página um quadrado sobre o golpe. Regressei a casa fazendo saltar da cama quem ainda dormia. Nesse dia comprei a minha primeira televisão a preto e branco. Os dias seguintes foram inesquecíveis.
Quem ler o Público de hoje só sabe que é 25 de Abril na página 12.