setembro 13, 2005

Leituras

(...) Em matemática todas as transformações conjugadas dos programas e dos métodos não afectam mais o fundo da questão do que o fundo dos oceanos é afectado por aquilo que as ondas fazem à superfície.
O fundo da questão é que há uma "matéria" matemática que, qualquer que seja, não suporta desvios.
Pouco importa que as definições sejam novas ou antigas. De qualquer modo, um círculo é um círculo, uma função é uma função e um logaritmo é um logaritmo.
O pedagogo pode muito bem ter ideias mais revolucionárias no que se refere ao modo, mas nem por isso a matériadeixa de ser o que é. Pode parecer que esta afirmação retoma todo o ensino "dogmático" das matemáticas(...) Mas querer negá-lo fazendo das matemáticas o terreno de eleição dos métodos activos, que vão permitir à criança exercitar-se "livremente" a "descobri-los por si", é algo que só pode ser feito obrigando a criança a descobrir livremente por si mesma que um círculo é um círculo e uma fracção é uma fracção; quer dizer, obrigando-a a acreditar que é livre porque construirá ela própria a sua prisão.

Estas palavras são da matemática Stella Baruk no livro Insucesso e matemáticas. Não é recente mas acho-o actual.

2 comentários:

IC disse...

Desculpa-me uma pequena ressalva: A "matéria matemática" não sofre desvios, mas com ela a criança e o adolescente podem resolver problemas ou podem ver o professor resolvê-los no quadro e depois tentarem resolver outros muito parecidos (como ainda se faz aí por muitas salas de aula). E isso é que faz a grande diferença e aí é que, no meu conceito, fazem todo o sentido "métodos activos" e "descoberta".

maria disse...

Também tenho pensado assim e tenho actuado desse modo. Mas às vezes interrogo-me até que ponto faz sentido "descobrir" o descoberto e até que ponto é que isso se traduz numa melhor construção e apreensão dos conceitos pelas crianças.