"É um lugar comum da paternidade e da genética moderna que os pais têm pouca ou nenhuma influência sobre o carácter dos filhos. Nunca se sabe o que nos vai sair. Oportunidades, saúde, perspectivas, sotaque, maneiras à mesa - essas coisas talvez possamos ser nós a formar. Mas o que efectivamente determina o tipo de pessoa que irá viver connosco é qual o espermatozóide que encontra e qual o óvulo que é encontrado, como são escolhidas as cartas dos dois baralhos, e depois como são baralhadas, partidas e dadas no momento da recombinação. Alegre ou neurótico, amável ou insaciável, curioso ou lento, expansivo ou tímido, ou nem uma coisa nem outra; a quantidade de trabalho previamente feita pode ser quase uma afronta para o amor-próprio dos pais. Por outro lado dá-nos uma certa liberdade. A questão torna-se mais clara assim que temos dois filhos; duas pessoas inteiramente diferentes que emergem de oportunidades de vida mais ou menos semelhantes."
Quem escreveu isto foi Ian McEwan no livro Sábabo mas bem podia ter sido eu.Pelo menos trancreve um dos meus pensamentos perfeitamente. Até fiquei feliz ao ler estas frases e, porque não dizê-lo,desculpabilizada.
1 comentário:
Mas não é tudo só genético. O caracter, por exemplo, forma-se cedo, mas até aí temos um papel. E estou a lembrar-me da inteligência, do "é de nascença" - pois, mas que também se desenvolve nos "menos dotados de nascença"... ai, desenvolve, desenvolve sim, se não acreditasse e não constatasse isso há que tempos teria pedido reforma antecipada ;)
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