Há vários dias que ando a ganhar coragem para uma tarefa necessária mas detestável:arrumações. Não pertenço àquele número de felizardos que têm uma casa com tantas divisões que só vêem a família quando lhes apetece, portanto estou sempre a tropeçar em humanos, em gatos e...em papéis.E quando tenho que fazer estas coisas inúteis e desgastantes, só me lembro do príncipio de um poema de Sá-Carneiro, (Quase)que, diga-se, não tem nada a ver com arrumações directamente
Um pouco mais de sol - eu era brasa.
Um pouco mais de azul - eu era além.
Para atingir, faltou-me um golpe de asa...
Se ao menos eu permanecesse aquém...
É bonito.Também é triste. Consola.
Mas então hoje foi. Comecei. Já foram para a reciclagem dois sacos cheios de recortes de jornais que perderam a actualidade - continuo com esta serôdia mania de guardar opiniões e factos na era da net. Sou de outros tempos. Mas não resisto ao som de uma tesoura no Público e no DN,ou em revistas, ao ritual de guardar o pedaço de papel numa capa à espera de ser eventualmente utilizado. É perder tempo porque não irei fazer nada até olhar para ele para o deitar fora e às vezes perguntar o que é que eu queria fazer com aquilo.
2 comentários:
Nem me fales, Querida Maria! Eu até moro sozinho, mas o meu modesto apartamento já nem consegue conter a tralha toda. O meu sonho: um armário embutido na parede da sala para guardar todos os livros com o respeito que eles merecem. Houvesse dinheirinho...
Flávio, eu de livros e revistas nem falo,porque esses não deito fora. Tento é arranjar algum buraquinho à custa de outro tipo de material. Mas é muito difícil: ao fim de anos e anos de acumulação e sem o dinheiro adequado gerir espaços pequenos
Enviar um comentário